MT: polícia indicia ex-cunhado e ex-marido por assassinato de filha de deputado

Filha do deputado Gilberto Cattani é encontrada morta em MT; polícia apura a causa
Raquel Cattani, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT), foi encontrada morta Foto: Reprodução

As autoridades do Mato Grosso concluíram o inquérito que investiga a morte de Raquel Cattani, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT), assassinada em um sítio em Nova Mutum (MT) – cidade que fica a cerca de 26 quilômetros de Cuiabá (MT). O documento foi enviado ao Ministério Público e à Justiça na segunda-feira, 5, com indiciamento por homicídio triplamente qualificado dos irmãos Romero e Rodrigo Xavier.

O ex-cunhado de Raquel, Rodrigo Xavier, também foi acusado de furto por levar pertences da vítima na cena do crime, como objetos pessoais e um aparelho celular. Outro inquérito investiga o homem por porte ilegal de arma de fogo. De acordo com o “G1”, em depoimento, o suspeito confessou que recebeu R$ 4 mil de Rodrigo para matar a mulher. A dupla investigada está presa preventivamente desde o dia 24 de julho.

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De acordo com o inquérito, os dois são indiciados por homicídio triplamente qualificado por ser um feminicídio, com promessa de recompensa e uma emboscada com um recurso que dificultou a defesa da vítima.

Segundo investigações da Polícia Civil, Romero Xavier teria pedido ao irmão para matar Raquel por ser possessivo e não aceitar o fim de sua relação com a filha do deputado. Rodrigo supostamente foi responsável por matar a mulher e montar uma cena na residência para que o delito parecesse um crime patrimonial.

Relembre o caso

Raquel Cattani era empreendedora e atuava na produção de queijos artesanais na cidade de Nova Mutum. Na área, ela ganhou prêmios na competição do Mundial do Queijo nas categorias de melhor queijo “Maringpa” e “Nozinho temperado”.

A mulher, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT), foi achada morta com ferimento de arma branca em um sítio no Assentamento Pontal do Marape, em Nova Mutum, a 29 km de distância de Cuiabá (MT), na manhã de sexta-feira, 19 de julho.

Cena do crime foi montada

Durante as investigações do caso, alguns detalhes da cena do crime chamaram a atenção dos investigadores. “Um investigador notou que a janela do quarto dos filhos da vítima havia sido arrombada. Diante dessa evidência, foi solicitada a extração de eventuais impressões digitais, que foi realizada pela Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec)”, explicou a Polícia Civil.

Ainda no local, um televisor que continha algumas pegadas foi analisado. “Questionamos por que alguém tentaria levar uma televisão em uma motocicleta. Tal evidência sugeriu que aquele televisor foi deixado de forma proposital para fora da casa com o intuito de complicar a investigação”, acrescentou o delegado responsável pela investigação, Guilherme Pompeo.

As diligências prosseguiram e, diante da desconfiança de uma cena que poderia ter sido armada, a atenção foi voltada ao ex-marido.

Ainda conforme os agentes, o irmão de Romero tinha diversas passagens por furtos e outros crimes, além de ter sido usuário de entorpecentes no passado.
Os dois irmãos não eram próximos, mas passaram a trocar mensagens com mais frequência após Romero e Raquel terminarem o casamento.

Confissão e prisão

Na quarta-feira, após diversas tentativas de ouvir Rodrigo, agentes foram até o endereço dele, na cidade de Lucas do Rio Verde. Após horas de vigilância, ele chegou na residência e, ao ser entrevistado, apresentou muito nervosismo com a presença dos policiais.

Ainda segundo a polícia, ele confessou o homicídio de Raquel Cattani com os policiais ainda na porta da casa. “Na casa foram encontrados frascos de perfume, um aparelho de som, um cinto, um porta-celular e uma faca, todos os objetos pertencentes à vítima”, detalhou a polícia.

Durante a prisão de Rodrigo, os policiais civis verificaram que a bota que ele utilizava naquele momento possuía total semelhança com a pegada encontrada na televisão na casa da vítima.

“Portanto, a dinâmica do crime, a ser confirmada com outros elementos de informação, aponta que Romero se encontrou com Rodrigo em Lucas do Rio Verde, na manhã do dia 18 de julho. Como Romero foi o autor intelectual do crime, ele havia planejado alguns atos”, pontuou Pompeo.

Ex-marido almoçou com deputado no dia do crime

A Polícia Civil concluiu ainda que o mandante do assassinato de Raquel levou o irmão no próprio carro para Nova Mutum e o deixou escondido nas proximidades do sítio PH, de propriedade da vítima.

Ao longo do dia do crime, Romero almoçou com o ex-sogro e, inclusive, chorou na frente dos familiares da vítima. Após almoçar, levou os filhos do casal para Tapurah, a fim de criar um álibi e afastá-los do crime planejado.

Durante a tarde do dia 18 de julho, ele chamou algumas pessoas com quem nem tinha muita convivência para beber e assar carne. No período da noite, foi a três boates em Tapurah para reforçar o álibi de que estaria da cidade e, assim, não seria considerado o principal suspeito.

Por outro lado, Rodrigo ficou à espreita da vítima até ela chegar ao sítio. Romero sabia da rotina de Raquel e, de forma planejada, havia retirado o casal de filhos da residência anteriormente.

Ao chegar no sítio por volta de 20 horas da quinta-feira, a vítima foi atacada com uma faca e foi a óbito no local.

Em seguida, Rodrigo subtraiu alguns objetos da casa, quebrou a televisão na parte de fora e levou a moto da vítima com o destino a Lucas do Rio Verde.

Arma do crime foi jogada em rio

O executor do crime jogou a motocicleta, o celular e a faca do crime em um rio da região. A Polícia Civil solicitará ao Corpo de Bombeiros para realizar buscas no local.

Ainda na quarta-feira, uma equipe policial coordenada pelo delegado Edmundo Félix seguiu até o assentamento Pontal do Marape para conduzir o autor intelectual do homicídio e levá-lo até a delegacia de Nova Mutum.

“Analisamos todas as imagens do comércio da vila, das cidades vizinhas, como São José do Rio Claro e Tapurah e entrevistamos mais de 150 pessoas, desde vizinhos, moradores do assentamento e trabalhadores ao longo desses seis dias”, explicou o delegado responsável pela investigação.