ROMA, 12 AGO (ANSA) – A Organização Médicos sem Fronteiras (MSF) informou que a partir deste sábado (12) suspendeu “temporariamente” seus resgates de imigrantes no Mediterrâneo.   

“Estamos suspendendo nossas atividades porque agora sentimos que o comportamento ameaçador da guarda costeira da Líbia é muito grave”, disse Loris De Filippi, presidente dos Médicos sem Fronteiras na Itália.   

A suspensão decorre da decisão da Itália de estabelecer uma área para limitar o acesso das ONGs em águas internacionais. “Os fatos recentes no Mediterrâneo mostram que o código de conduta é parte de um plano mais amplo que visa selar a costa e bloquear imigrantes e refugiados da Líbia”, acrescentou Filippi.   

A decisão é um desdobramento na crescente tensão entre Roma e as ONGs, uma vez que a migração domina a agenda política da Itália.   

Cerca de 600 mil imigrantes chegaram ao país nos últimos quatro anos, a grande maioria vinda da Líbia, onde diversos navios são operados por contrabandistas. Por sua vez, a Itália teme que os grupos estejam facilitando o tráfico de pessoas e encorajando os imigrantes a realizarem a travessia, portanto propôs um Código de Conduta que dita às regras da operação. O código é formado por 13 compromissos, sendo que o principal deles proíbe as ONGs de entrarem nas águas territoriais líbias, a não ser em “situações de grave e iminente perigo”.   

Os MSF haviam informado que, mesmo não assinando o “código de conduta”, respeitam as regras já estabelecidas as leis internacionais e nacionais. A organização atua há mais de três anos nas operações de busca e assistência médica no Mediterrâneo. Com três barcos, socorreram diretamente 19.708 pessoas entre abril e novembro de 2016 e forneceram ajuda médica a 7.117 pessoas que foram transferidas para outras embarcações – inclusive do governo – para um desembarque seguro na Itália. Em 2017, a ONG já resgatou mais de 16 mil pessoas. (ANSA)