No dia 30 de junho de 2021 os casos de irregularidades cometidos dentro da Unidade Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã (MS), vieram à tona. Foi constatado que uma lata de cerveja era comercializada por R$ 15 e uma fuga poderia valer até R$ 200 mil. As informações são do colunista do UOL Josmar Jozino.

Além disso, a mudança para uma cela mais confortável custava R$ 6 mil, podendo ser paga em duas vezes. A transferência para um pavilhão com regras menos rígidas saía por R$ 2 mil.

Segundo o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) foram apreendidos 1.930 latas de cerveja, 120 long necks, 13 litros de cachaça, trê garrafas de vinho e uma de uísque. Também foram encontrados quatro celulares, dois carregadores e um tablet.

Ainda de acordo com a corporação, dois dias depois das apreensões, os presos Celso Gonçalves Sanguina e Nédio Marques Brito Filho conseguiram fugir. Há suspeita de que eles saíram pela porta da frente.

Prisão de funcionários acusados

Em janeiro de 2022, cinco funcionários da unidade penal foram presos por serem acusados de fornecerem essas regalias aos detentos. Foram detidos um diretor do presídio, um chefe de disciplina, um chefe de segurança e dois chefes de equipe.

Todos estão presos no Centro de Triagem de Campo Grande. Segundo o Dracco, eles foram denunciados à Justiça por organização criminosa, concussão (quando um funcionário público age para obter vantagem indevida) e corrupção passiva.

Depoimento dos detentos

Alguns detentos ouvidos no inquérito policial confirmaram as negociações por regalias. Segundo eles, os agentes públicos preferiam receber as quantias em dinheiro ou transferência via Pix.

Em depoimento, um prisioneiro relatou que pagou R$ 7 mil para ser transferido para o pavilhão conhecido como “Magueirão”. Nesse setor, os presos podiam ficar fora da cela desde o horário do almoço até as 20h.

Ainda segundo os detentos, a fuga de Celso e Nédio custou R$ 200 mil.