MP identifica tiros à curta distância e homem decapitado entre mortos em megaoperação

Relatório parcial da investigação foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF

Operação no Rio de Janeiro: PGR pediu informações após 121 mortes
Operação no Rio deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) enviou, nesta quarta-feira, dia 12, ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), um relatório parcial da investigação envolvendo a morte de 121 pessoas que seriam ligadas à organização criminosa CV (Comando Vermelho) e que foram alvo da Operação Contenção, realizada no dia 28 de outubro, no Rio de Janeiro. O relatório apontou duas mortes que foram consideradas atípicas em operações desse nível.

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Após acompanhar o trabalho de perícia dos 121 corpos, o MP encontrou “lesões atípicas” em dois cadáveres. Um deles apresentou marcas de tiros à curta distância. O segundo corpo estava decapitado por instrumento cortante. Os demais corpos estavam com lesões internas e externas, provocadas por tiros de fuzil. A maioria das lesões estava localizada na região do tórax e do abdômen, características de confrontos armados, segundo os promotores.

O relatório ainda confirmou que todos os mortos eram homens, na faixa etária entre 20 e 30 anos. Alguns acusados estavam usando roupas camufladas, botas operacionais, coletes com carregadores de munição e luvas táticas. Nos bolsos das roupas foram encontradas munições, celulares e “erva prensada”. “A maioria dos corpos exibia múltiplas tatuagens, algumas sabidamente referentes a facções criminosas e ao extermínio de policiais”, acrescentou o relatório.

Câmeras

O MPRJ também informou ao ministro os próximos passos do trabalho de investigação. Os promotores vão fazer a análise minuciosa das câmeras corporais dos policiais que participaram da operação e a análise do local do confronto.

O relatório foi anexado ao processo conhecido como ADPF das Favelas – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635. Na ação, a Corte já determinou diversas medidas para redução da letalidade durante operações em comunidades do Rio de Janeiro. Moraes é o relator temporário da ação.