O candidato a prefeito de São Simão (SP) o engenheiro Marcelo Frazão de Almeida foi denunciado pelo Ministério Público por crime de racismo. De acordo com a denúncia do MP-SP, o candidato divulgou áudios na internet áudio afirmando que a vacina contra o novo coronavírus causaria modificações genéticas, levando à homossexualidade e transexualidade.

Segundo o promotor de Justiça William Daniel Inácio, Almeida é dono de um canal no Youtube com mais de 170 mil inscritos. Na página, ele se apresenta, dentre outras qualificações, como cientista e professor universitário.

Na denúncia, o MP-SP afirma que o engenheiro divulgou áudio dizendo que vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantã em parceria com o laboratório chinês Sinovac (denominada de Coronavac) “altera o código genético” e que levaria a “síndromes perigosas (…), inclusive no sentido de fertilidade, de homossexualismo (sic)”.

Ainda no áudio, Marcelo Frazão teria dito que com a vacina, “menino pode deixar de ser menino, vai virar menina; a menina deixa de ser menina e vira menino (…)”. O áudio foi divulgado também nas redes sociais do candidato.

Crime de racismo

Para a Promotoria, “o denunciado se equivoca nas afirmações sobre a vacina Coronavac provocar síndromes graves, lesões cerebrais, mudanças genéticas (…)”. Conforme a denúncia, as mensagens “são homofóbicas e transfóbicas, revelando aversão odiosa à orientação sexual e à identidade de gênero de número indeterminado de pessoas, ao compará-las a doenças e ao sugerir sua ligação com questões genéticas”.

“Ao alegar que a vacina poderia causar a homossexualidade e a transexualidade, e que por tal motivo deveria ser evitada, o denunciado agiu de forma claramente preconceituosa. O comportamento sexual, a orientação sexual e a identidade de gênero não são doenças e não podem ser provocadas por medicamentos ou cargas virais”, escreveu o promotor na denúncia. A discriminação com base na orientação e identidade de gênero foi equiparada ao crime de racismo por decisão do Supremo Tribunal Federal.

Procurado pelo G1, o candidato disse que não vai comentar o assunto com a imprensa.