BRINDISI, 5 OUT (ANSA) – O Ministério Público de Brindisi, na Itália, abriu uma investigação contra sete pessoas e duas empresas acusadas de fabricar peças irregulares de qualidade “notoriamente inferior” para um avião da empresa Boeing.   

O inquérito divulgado neste sábado (5) alega que duas empresas aeroespaciais de Brindisi supostamente forneceram componentes aeronáuticos não conformes para a Leonardo-Aerostrutture para a produção dos setores 44 e 46 do Boeing 787 Dreamliner.   

Isso supostamente levou à criação de peças aéreas “com características de resistência estática e ao estresse significativamente menores, com repercussões na segurança do transporte aéreo”.   

De acordo com os promotores italianos, as empresas utilizaram titânio puro para criar os componentes estruturais da aeronave, em vez da liga necessária. Desta forma, as peças de alumínio fabricadas ficaram “deformadas”, e assim as companhias “economizaram na compra de matéria-prima”.   

As investigações, realizadas a pedido internacional dos Estados Unidos, permitiram às autoridades confiscar cerca de 6 mil partes do avião, sendo que pelo menos 4.829 componentes foram certificados não conformes feitos de titânio e 1.158 produzido de alumínio.   

“O trabalho especializado e as investigações concluíram que alguns componentes estruturais não conformes poderiam, a longo prazo, causar danos à segurança da aeronave, exigindo que a empresa norte-americana iniciasse uma campanha extraordinária de manutenção da aeronave envolvida”, disseram os promotores, acrescentando que a Boeing e a Leonardo foram vítimas dos supostos crimes e cooperaram com a investigação.   

A Procuradoria de Brindisi acredita que as sete pessoas e as duas empresas estão “envolvidas em uma associação criminosa destinada a cometer crimes que vão desde ataques à segurança dos transportes, à poluição ambiental, à fraude comercial.   

A investigação foi lançada após um inquérito anterior, concluído em 2021, que levou à apreensão dos bens corporativos das duas empresas devido à falência, a três detenções e à denúncia de outros quatro suspeitos. Uma segunda parte do trabalho do Ministério Público de Brindisi revelou um crime ambiental, uma vez que os acusados eliminavam “substâncias poluentes perigosas” derivadas da produção de metais nos terrenos do polo industrial da cidade.   

Os agentes da Guarda de Finanças apreenderam 35 caminhões-cisterna com mil litros cada de resíduos “especiais perigosos” e outros 12 vazios. (ANSA).