Em relatórios revelados pelo jornal Extra nesta terça-feira (23), o Ministério Público do Rio de Janeiro descobriu uma série de informações em nove celulares apreendidos com o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope.

Morto em fevereiro de 2020, Adriano da Nóbrega planejava fugir da ação policial que resultou em sua morte. De acordo com os relatórios de extração de dados dos aparelhos, o miliciano mesmo em fuga seguia dando ordens a seus subordinados, entre eles um policial militar, ameaçava desafetos, negociava cavalos de raça, a fim de lavar dinheiro, e monitorava os passos da contravenção no Rio de Janeiro.

Poucas horas antes de ser morto, Adriano trocou mensagens com Julia Emilia Mello Lotufo, viúva do miliciano, atualmente foragida. Nesta segunda-feira (22), ela foi alvo da Operação Gárgula, contra a organização criminosa responsável pela lavagem de dinheiro do espólio de Adriano.

“Não fica mais aí”, escreveu Julia a Adriano avisando-o para que deixasse a casa do amigo e fazendeiro Leandro Guimarães, onde estava hospedado. Horas depois, o miliciano respondeu direto do sítio do vereador do PSL Gilsinho da Dedé, local onde planejava se esconder: “Já tô no rancho. Fica trank. Segue com Deus. Vai dar certo”. Seis horas depois, Adriano acabou morto.

Ainda de acordo com o Extra, horas antes de ser morto, Adriano também se comunicou, por outro aparelho, com o soldado da PM do Rio Rodrigo Bittencourt Fernandes Pereira do Rego, apontado pelo MP como um dos seus laranjas. O miliciano estava preocupado com o fato de sua mulher estar usando um carro que estava sendo monitorado pela polícia, e pediu para que ele desse outro carro à ela quando ela chegasse ao Rio de Janeiro, vinda de Vitória da Conquista, na Bahia, e que a avisasse que ele havia trocado de esconderijo.

Bittencourt é apontado como braço direito de Adriano e responsável por tentar se desfazer de vários dos bens do miliciano quando não estava de serviço. De acordo com o MP, mesmo foragido o miliciano seguia negociando cavalos de raça, a fim de lavar o dinheiro proveniente dos crimes.

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Em outro aparelho, os peritos do MP encontraram fotos de fuzis enviadas pelo miliciano para outra pessoa. Segundo as investigações, o armamento era semelhante ao usado pelo Escritório do Crime, quadrilha de matadores de aluguel fundada por Adriano, para praticar os crimes.

Quando ainda era PM, Adriano da Nóbrega recebeu do então deputado estadual Flávio Bolsonaro a Medalha Tiradentes, maior honraria da Assembleia Legislativa do Rio. A homenagem foi dada a pedido do pai do hoje senador, o presidente Jair Bolsonaro, que considerava o miliciano “um herói”.


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