Uma mulher foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) na segunda-feira, 1º, por contratar a estudante de direito Ana Paula Veloso Fernandes, conhecida nas redes sociais como “Menina Veneno”, e sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, para matar o próprio pai. Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, teria financiado a ida de Ana Paula de Guarulhos (SP) para Duque de Caxias (RJ) para envenenar Neil Corrêa da Silva, de 65 anos.
+ ‘Serial killer’ é presa acusada de matar quatro pessoas envenenadas em SP e no RJ
“A acusação é de homicídio triplamente qualificado e agravado (motivo torpe, meio insidioso e cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e contra pessoa maior de 60 anos), podendo a sanção alcançar 40 anos de reclusão”, informou o MP-SP. Michelle está presa desde o dia 7 de outubro. A promotoria solicitou à Justiça a conversão da prisão temporária dela em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. O Estadão tenta contato com as defesas das três mulheres.
O crime aconteceu em 26 de abril deste ano, na casa onde o idoso morava com a filha, na Baixada Fluminense. As criminosas teriam envenenado a feijoada que a vítima comeu com chumbinho. Segundo a Polícia Civil, Ana Paula confessou ter matado antes 10 cachorros com o veneno para testar o efeito.
De acordo com o Ministério Público, Michelle e Ana Paula foram amigas de faculdade. A investigação apontou que Michelle tinha desavenças com o pai e sugeriu que Ana Paula e a irmã gêmea dela, Roberta, o matassem envenenado. Em troca, segundo a denúncia, as duas amigas de Michelle ficariam livres de uma dívida que tinham com ela. As gêmeas foram presas pela polícia entre os meses de julho e agosto deste ano. Elas respondem pela morte do pai de Michelle e por outras três que aconteceram em Guarulhos e Duque de Caxias. Caso a denúncia contra Michelle seja aceita pela Justiça, ela se tornará ré pela morte do pai.
Outros casos
O primeiro caso de homicídio no qual Ana Paula é apontada como suspeita é o da morte de Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos. Ele foi encontrado morto no dia 31 de janeiro deste ano, nos fundos da casa onde a Ana Paula morava em Guarulhos. De acordo com a Polícia Civil, foi a própria estudante quem acionou a Polícia Militar (PM). Ela alegou ter sentido um forte odor na residência em que alugava de Marcelo. O imóvel teria sido alugado por Ana Paula e pela irmã gêmea.
Em 11 de abril, outro caso. Maria Aparecida Rodrigues foi encontrada morta em casa, também em Guarulhos. Conforme o MP, a suspeita de envenenamento surgiu quando a filha da vítima, Thayná Rodrigues Felipe, relatou à polícia que a mãe havia saído, na véspera, com Ana Paula. A suspeita utilizava outro nome ao se apresentar para Maria Aparecida.
Um dia antes da morte, Maria Aparecida visitou a estudante em sua casa, onde teria sido convidada para tomar um café e comer um bolo. No dia seguinte, a filha da vítima encontrou o corpo da mãe e suspeitou do encontro com Ana Paula um dia antes. Ainda de acordo com as investigações, Ana Paula teria envenenado Maria Aparecida para tentar incriminar um policial militar casado com quem mantinha relacionamento. De acordo com as investigações, após envenenar Maria Aparecida, Ana Paula passou a insinuar por mensagens em redes sociais que a vítima mantinha um relacionamento com o PM.
Depois desse caso, aconteceu a morte do pai de Michelle, em abril. Já no dia 23 de maio, a quarta vítima, identificada como o tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, com quem Ana Paula mantinha um relacionamento amoroso, passou mal em um apartamento no bairro do Brás, na capital paulista. O corpo não foi exumado e foi transportado para a Tunísia, onde o jovem mantinha laços familiares. Para os investigadores, ele também teria sido envenenado.