O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou seis pessoas por homicídio triplamente qualificado pela morte da pequena Maria Fernanda Camargo, de 5 anos, em Frutal (MG). A criança morreu no dia 23 de março deste ano, após sofrer queimaduras por todo o corpo durante um ritual espiritual do qual participaram a mãe, tia, avô e avó da menina, além de um suposto “pai de santo” e um assistente.

De acordo com as investigações, os seis denunciados, durante um ritual, banharam uma criança com álcool. O suposto “pai de santo”, ao acender uma vela e passá-la pelo corpo da vítima teria provocado a combustão.

A ação causou queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau, por quase todo o corpo da vítima. Houve ainda queimaduras das vias aéreas, o que causou a morte da menina, conforme laudo de necrópsia.

Ainda segundo a denúncia, após o ritual, os denunciados fizeram diversas modificações na cena do crime. Eles se reuniram e ocultaram os instrumentos utilizados, simulando a versão de acidente doméstico durante um possível churrasco, demorando, inclusive, no socorro à vítima.

Para a promotoria, os familiares, que tinham o dever legal de evitar o perigo, auxiliaram materialmente no ato que banhou a criança com álcool e resultou na morte da menina. A denúncia destaca ainda que os familiares da menina possuíam livros de bruxaria, o que demonstra que os atos praticados eram de conhecimento de todos

O suposto “pai de santo” e três parentes da vítima estão presos cautelarmente em Frutal (MG) e Uberaba (MG). Ao avô foi concedida liberdade provisória mediante a fixação de cautelares em razão da idade.

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O MPMG pediu ainda a prisão preventiva do assistente do suposto “pai de santo”, cuja participação na morte da menina só foi descoberta posteriormente. O pedido feito à Justiça ainda não foi analisado.

Advogado da família alega acidente

Em abril, o advogado  José Rodrigo de Almeida, representante da família de Maria Fernanda, afirmou que a morte foi acidental. Ele alegou que os parentes não tinham a intenção de machucá-la.

“Ritual de invocação de espírito maligno, sacrifício humano, nada disso aconteceu. O que aconteceu foi o seguinte: em 2021, no ápice da pandemia, o tio e a tia da criança estavam intubados no hospital com Covid. Alguém na cidade falou que esse homem podia fazer um trabalho espiritual de cura. Eles realmente melhoraram depois e atribuíram a melhora ao trabalho”, disse o José Rodrigo, que, para ele, a família é vítima de preconceito religioso.

Por conta disso, os familiares resolveram levar Maria Fernanda ao líder espiritual depois de ela desenvolver uma gripe persistente, com febre, tosse e dor de garganta. O ritual aconteceu na casa dos avós da menina.

O advogado contou que o líder espiritual, no primeiro momento, realizou a benção combinada. Depois, ele teria incorporado uma outra entidade e pediu uma bacia com álcool e ervas para realizar a cura.

“Quando ele passou o álcool na cabeça da menina, a mãe disse: álcool não!”. Para o advogado, a família fez o possível para proteger a criança.


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