MP da Guatemala realiza operação de busca e apreensão em tribunal eleitoral

O controverso Ministério Público da Guatemala realizou operações de busca e apreensão nesta terça-feira (17) em um escritório do tribunal eleitoral e prendeu uma funcionária encarregada do arquivo, informou a instituição.

O Ministério Público, liderado pela procuradora-geral Consuelo Porras, sancionada pelos Estados Unidos e pela União Europeia por ser “corrupta” e “antidemocrática”, afirma que as eleições de 2023 vencidas pelo atual presidente social-democrata Bernardo Arévalo são “nulas” por supostas irregularidades e conduz investigações criticadas pelo governo e pela comunidade internacional.

“A Promotoria Especial contra a Impunidade realiza diligências de busca e apreensão” no escritório da diretoria de Recursos Humanos do Tribunal Supremo Eleitoral, disse o porta-voz Moisés Ortiz a jornalistas.

“Como resultado das diligências (…) foi coordenada a prisão de” Angelita Martínez, chefe de arquivo do tribunal e líder sindical, acrescentou.

Ao descer de um veículo policial na sede dos tribunais, Martínez disse aos jornalistas que sua prisão era uma “represália” por não colaborar com o Ministério Público.

Acrescentou que era uma “testemunha protegida” por ter denunciado uma suposta “fraude” nas eleições, mas depois absteve-se de continuar colaborando com o Ministério Público por ter recebido “ameaças de morte”.

“Imagino que [a detenção] seja uma represália porque não continuei com as denúncias”, indicou.

As investigações do Ministério Público colocaram em risco em janeiro de 2024 a posse de Arévalo, que denunciou que eram parte de um plano de “golpe de Estado” para evitar que assumisse o poder devido à sua promessa de combater a corrupção.

Desde 2023, o Ministério Público invadiu várias vezes a sede central e outros escritórios do tribunal eleitoral.

A Promotoria Especial Contra a Impunidade é dirigida pelo polêmico procurador Rafael Curruchiche, também sancionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

A promotora Porras tem mandato até maio de 2026, enquanto o presidente Arévalo busca medidas legais para destituí-la já que não tem a prerrogativa de removê-la do cargo.

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