O Ministério Público da Guatemala realizou uma diligência, nesta terça-feira (12), nas instalações onde estão guardadas as cédulas das eleições gerais de 25 de junho após receber uma denúncia de supostas anomalias na recontagem dos votos.

“Esta diligência é resultante de uma denúncia de um cidadão” que alegou ilegalidades em uma das caixas onde foram arquivadas as cédulas para os cinco cargos eleitos pelo povo, disse aos jornalistas o procurador Rafael Curruchiche.

Curruchiche garantiu que a operação no Centro de Operações do Processo Eleitoral (COPE) do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), na capital, se deve ao fato de que o órgão “considera necessário fazer uma verificação com base nessa denúncia”.

O procurador esclareceu que a operação não tem relação com uma investigação contra o partido Semilla (Semente) do presidente eleito, o social-democrata Bernardo Arévalo.

“Não há implicação direta com o partido político Movimento Semilla e seus dirigentes de forma que eles possam se vitimizar ou recorrer a organizações internacionais ou governos estrangeiros” para denunciar uma perseguição judicial, garantiu Curruchiche, titular da Procuradoria Especial Contra a Impunidade (FECI, na sigla em espanhol).

Após essas eleições, diversos partidos derrotados e cidadãos denunciaram uma suposta fraude eleitoral e pediram a recontagem dos votos, cuja revisão confirmou os resultados.

O porta-voz do TSE, Gerardo Ramírez, detalhou que a ordem é para abrir 160 caixas do primeiro turno.

Nelas estão os votos emitidos, anulados, em branco, cédulas não utilizadas e outros utensílios utilizados por cada seção eleitoral.

Arévalo venceu o segundo turno das eleições contra a ex-primeira-dama Sandra Torres em 20 de agosto, depois de um resultado surpreendente no primeiro turno, pois ele não aparecia entre os favoritos.

Após a primeira votação, o MP iniciou uma cruzada para cancelar a personalidade jurídica do Semilla por supostas anomalias em sua inscrição em 2017.

Contudo, o Tribunal Constitucional reverteu essa decisão e permitiu que Arévalo disputasse o segundo turno.

Diante disso, o presidente eleito reiterou nesta segunda que a perseguição judicial contra o Semilla deve cessar, pois, segundo ele, isso afeta a transição para sua posse em janeiro de 2024.

Em 1º de setembro, Arévalo denunciou o que seria um plano de “golpe de Estado” para impedir sua investidura no cargo.

Arévalo é filho de um presidente que deixou sua marca do país e sua vitória sobre a candidata do continuísmo é atribuída ao fato de que sua candidatura gerou esperança de mudança com sua promessa de luta contra a corrupção, um mal endêmico no país.

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