Movimento de servidores coroa fiasco do governo Bolsonaro

LINCON ZARBIETTI
Foto: LINCON ZARBIETTI

Depois de semear a tempestade perfeita na economia, que desaba em todos os indicadores, Jair Bolsonaro conseguiu colocar todo o funcionalismo público contra seu governo. As principais categorias de servidores se uniram e foram à luta em manifestações que ocorrem nesta terça-feira, 18, e podem desembocar em uma greve geral em fevereiro. Os grupos de elite, no BC e na Receita, já entregaram os cargos, o que pode levar a paralisações em portos e aeroportos, comprometendo o abastecimento. Os funcionários pedem aumentos, represados por Paulo Guedes. O ministro já teve a inteligência de compará-los a parasitas. Agora é a hora do ajuste de contas.

A nova crise na administração pública ocorre porque Bolsonaro, como sempre fez, privilegiou sua base de apoio (militares e policiais) com aumentos generosos, lixando-se para os efeitos nas contas públicas e as consequências para o próprio País. É o seu estilo de fazer política. Inflamar os fanáticos e agradar as bases corporativas. Ocorre que essa estratégia, no governo, significa paralisar a máquina pública.

Bolsonaro não age com racionalidade nem estratégia para administrar um Estado que é grande demais. A máquina pública precisa de uma modernização que valorize os servidores e contrarie interesses paroquiais. O presidente, ao contrário, é o próprio símbolo de interesses paroquiais no Planalto. Representa um obstáculo para qualquer aperfeiçoamento das carreiras, que merecem ser dignificadas e respeitadas.

Depois de paralisar todos os ministérios e serviços vitais por interesses obtusos ideológicos, o mandatário pode provocar agora um apagão geral nos serviços públicos. Essa nova crise não estampa apenas um governo equivocado e inábil. É a prova de que Bolsonaro não tem a menor competência para governar. Os problemas complexos de um País continental estão muito acima de seu alcance intelectual. Ele apenas semeia o caos. Está conseguindo um feito difícil. Superar Collor e Dilma como o pior presidente da história.