06/06/2016 - 10:13
O partido antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S) obteve um resultado “histórico” ao vencer o primeiro turno da eleição municipal de Roma, um resultado que soa como uma advertência ao líder italiano, Matteo Renzi, antes de um referendo em outubro.
Virginia Raggi, candidata do M5S, obteve 35,37% dos votos, de acordo com os resultados quase definitivos, e vai enfrentar, em 19 de junho, Roberto Giachetti, do Partido Democrata (PD, de centro-esquerda) de Renzi, (24,80%).
Ainda que este resultado não seja realmente uma surpresa, uma vez que a advogada de 37 anos era considerada a favorita nas pesquisas, a relativamente baixa votação do representante do partido no poder é mais surpreendente.
No segundo turno, Giachetti poderia ganhar 10,95% de votos da centro-direita, que governa com o PD.
Mas provavelmente será insuficiente para vencer o M5S, que poderia somar mais 20,68% dos votos de Giorgia Meloni, terceira candidata e apoiada pela Liga do Norte, o partido populista e anti-imigração de Matteo Salvini, para quem o inimigo é principalmente Renzi.
“Eu nunca votaria em um candidato do PD (…), nem sob tortura. Portanto, no caso de uma disputa Giachetti-Raggi, votaria Raggi”, afirmou Salvini em meados de maio.
Uma vitória clara parece se desenhar para Virginia Raggi, que já citou no domingo à noite os “ventos da mudança” para a capital italiana.
Renzi ‘insatisfeito’Diante de tal cenário, juntando o fato de que sua candidata em Nápoles nem sequer chegou ao segundo turno, Matteo Renzi se declarou nesta segunda-feira “insatisfeito” e deve tirar algumas lições.
Mas ele pode alegar que o seu candidato em Roma teve uma grande recuperação depois de permanecer por longo tempo em terceiro lugar, atrás de Meloni.
Roma não é a Itália, e em Milão, liderando, mas por muito pouco, como em Turim ou Bolonha, os candidatos do PD estão bem colocados para vencer.
Mas o partido no poder quer recuperar a Cidade Eterna, onde foi afetado pelo escândalo “Mafia Capitale”, uma vasta rede de corrupção tecida pelo crime organizado na cidade, depois de forçar a renúncia de Ignazio Marino (PD) por um caso de notas frias.
Renzi deseja, de fato, uma vitória na capital para ampliar seu domínio na política italiana.
Mas os romanos, desiludidos depois de anos de inação e descuido, optaram pelo M5S, segunda força política no país desde que as legislativas de 2013, mas que por agora permanece limitado a uma estratégia de oposição sistemática no Parlamento.
Também tem uma representação local limitada aos municípios de Parma e Livorno.
A jovem guarda do partido, representada pelos deputados Alessandro di Battista e Luigi Di Maio, deseja há alguns meses assumir mais poderes dentro do M5S.
“Inicialmente, te ignoram, depois riem de você, então lutam contra você… e agora você chega ao segundo turno”, ironizou nesta segunda-feira no Twitter Alessandro di Battista.
Com a morte, em 12 de abril, do “guru” e co-fundador do Movimento, Roberto Casaleggio, e a escolha anunciada de Beppe Grillo de se retirar dos cargos mais avançados, o caminho está agora aberto sobre o futuro do movimento.
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