Mourão diz ao STF que Bolsonaro não cogitou medidas para golpe de Estado

Mourão diz ao STF que Bolsonaro não cogitou medidas para golpe de Estado

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou, em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), que Jair Bolsonaro (PL) não mencionou “em nenhum momento” medidas que indicassem um golpe de Estado depois de perder a eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Em todas essas oportunidades, em nenhum momento, ele mencionou qualquer medida que representasse uma ruptura. As conversas foram voltadas para a transição para que o novo governo assumisse no dia 1º de janeiro [de 2023]”, disse Mourão, que era vice-presidente no mandato de Bolsonaro.

O parlamentar e general da reserva do Exército foi ouvido pela Primeira Turma da corte nesta sexta-feira, 23, como uma das testemunhas de defesa do ex-presidente e dos generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira no processo em que eles são réus por uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após a derrota nas urnas.

Além dos quatro, outras 27 pessoas estão sendo processadas por envolvimento na suposta trama e podem pegar até 43 anos de cadeia em caso de condenação. Mourão não está entre os acusados e, ao STF, negou ter participado de qualquer reunião de teor golpista.

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Mourão falou após comandantes

Abertos os processos criminais pela trama golpista, o Supremo passou a conduzir uma fase de oitivas de testemunhas de acusação e defesa dos envolvidos, que está prevista para durar até 2 de junho.

Na segunda-feira, 19, o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou ao tribunal que os chefes das Forças Armadas sob Bolsonaro foram apresentados a um plano de ruptura institucional, mas alterou a versão dada aos policiais federais na investigação e não repetiu que Almir Garnier, então comandante da Marinha, colocou suas tropas à disposição da proposta, razão pela qual foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes.

O brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, que chefiava a Aeronáutica, disse na quarta-feira, 21, que Garnier de fato corroborou com a ideia de ruptura.

Como relatou a IstoÉ, o alto comando da caserna demonstrou comportamentos ambíguos mesmo após a frustração da trama golpista. No início de 2023, os comandantes das corporações no mandato do ex-presidente cogitaram não realizar a passagem do cargo aos nomeados por Lula, no que seria um sinal de insubordinação ao novo chefe do Palácio do Planalto e fidelidade ao antecessor, mas foram demovidos da ideia pelo ministro da Defesa do petista, José Múcio, conforme reportou o jornal O Estado de S. Paulo.

A cronologia da tentativa de golpe