BRASÍLIA (Reuters) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta quinta-feira que o fim da ocupação por deputados de oposição da Mesa Diretora da Casa e a retomada dos trabalhos esteja vinculada a alguma pauta legislativa.
Parlamentares da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocuparam a Mesa Diretora para protestar contra a decretação de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmaram que o fim da manifestação se deu após um acordo para que seja votada proposta de anistia para envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e a acusados de tentativa de golpe de Estado.
+ Senado aprova isenção de IR para quem ganha até R$ 3.036; texto segue para a sanção de Lula
Deputados governistas, por sua vez, negam a existência de tal acordo.
Questionado por jornalistas em Brasília nesta quinta, Motta afirmou que suas prerrogativas como presidente da Câmara são inegociáveis e disse que a retomada dos trabalhos da Casa não está vinculada a nenhuma pauta legislativa.
“A presidência da Câmara é inegociável, eu quero que isso fique bem claro. As matérias que estão saindo sobre a negociação feita por esta presidência para que os trabalhos fossem retomados não está vinculada a nenhuma pauta”, disse Motta a jornalistas em Brasília.
“O presidente da Câmara não negocia as suas prerrogativas, nem com a oposição, nem com o governo, nem com absolutamente ninguém.”
Uma fonte próxima ao ex-presidente da Câmara e antecessor de Motta no cargo, Arthur Lira (PP-AL), e outra ligada ao PT disseram à Reuters sob condição de anonimato que Lira costurou um acordo com os oposicionistas para que a anistia seja discutida, mas não necessariamente votada.
Essas duas fontes disseram ainda que este acordo, costurado no gabinete de Lira com a presença de outras lideranças, fez com que a oposição encerrasse a obstrução e permitiu que Motta abrisse a sessão por volta das 22h20 da quarta-feira, apesar do horário marcado inicialmente ser 20h30.
Perguntado sobre a participação de Lira nas costuras para o fim do protesto da oposição, Motta disse que o antecessor é um amigo e que, em um momento difícil como o que a Casa viveu com a ocupação da Mesa, “é natural” que muitas pessoas ajudem na busca por uma solução, incluindo Lira.
(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília; Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)