Motta e Alcolumbre atropelam Lula, BC sobe juros e PF indicia 36 da ‘Abin Paralela’

Congresso derrotou o governo com urgência contra aumento do IOF e derrubada de vetos. O Copom voltou a elevar a Selic e a Polícia Federal terminou o inquérito sobre espionagem na agência de inteligência

Arte: Daniel Medeiros/PlatôBR
Foto: Arte: Daniel Medeiros/PlatôBR

O Congresso impôs esta semana algumas das derrotas mais importantes sofridas por Lula em seu terceiro mandato. Na segunda-feira, 16, a Câmara aprovou o requerimento de urgência para o projeto que susta o decreto reeditado pelo governo com aumento de alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O placar foi de 346 a 97 contra o governo. Uma sessão do Congresso na terça-feira derrubou 11 vetos presidenciais.

Os dois episódios evidenciam a fragilidade da base parlamentar de Lula e deixam o governo com futuro incerto. Implacáveis, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), alinharam-se à oposição para atropelar o Planalto e dificultar o fechamento das contas de 2025. Em poucos dias, abandonaram o discurso das “reformas estruturais” e começaram a criticar as cobranças de impostos.

Em reuniões fechadas com o presidente, a cúpula do Congresso demonstrou insatisfação com a demora do Executivo na execução das emendas parlamentares. A equipe econômica justifica a lentidão pela demora do Legislativo em aprovar o orçamento deste ano. Pressionado, o governo acelerou a liberação dos recursos e, com isso, o Planalto tem a expectativa de interromper a sequência de fatos negativos.

A menos de 16 meses das eleições, Lula tem o desafio de melhorar os resultados das pesquisas, que apontam avaliações ruins do governo e candidatos competitivos da oposição para 2026. Para os dois lados, o jogo político de agora no Congresso está relacionado às urnas do ano que vem.

Copom sobe juros e tenta segurar a economia
Na quarta-feira, 18, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a trajetória de alta dos juros iniciada no final do ano passado e aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto, para 15%, maior patamar em quase duas décadas.

Ao elevar o índice, o Banco Central reforça a preocupação com aspectos como a inflação acima da meta, dúvidas sobre a política fiscal, a instabilidade do cenário externo, agravada pelas medidas do governo Donald Trump, o crescimento do PIB e a redução do desemprego.

Presidido por Gabriel Galípolo, indicado por Lula, o BC contraria as expectativas da esquerda e de parte do empresariado ao manter a política de juros altos. Esse será mais um problema para o petista nas eleições de 2026.

Polícia Federal termina inquérito da “Abin Paralela” e prende coronel acusado de tentativa golpista
A semana teve dois reveses significativos para o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Na terça-feira, 17, a Polícia Federal anunciou a finalização do inquérito sobre a rede de espionagem que teria sido montada durante o governo passado dentro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

No relatório final, a PF pediu o indiciamento de 36 pessoas, entre elas o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. O inquérito também apontou indícios de participação de Jair Bolsonaro nos fatos investigados, mas não foi indiciado por causa de um entendimento de que ele já responde pelos mesmos crimes como réu na ação penal sobre a tentativa de golpe na última transição de governo.

Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a Polícia Federal prendeu na quarta-feira, 18, o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro na Presidência da República e um dos réus na ação penal sobre a trama golpista. Segundo a decisão de Moraes, Câmara e seu advogado, Eduardo Kuntz, descumpriram medidas cautelares e, também, tentaram obter informações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.

Tempo de guerras: Lula criticou gastos militares e brasileiros retornaram de Israel
Convidado a participar da reunião do G7, o presidente Lula criticou em discurso os gastos militares do mundo, que chegam a US$ 2,7 trilhões anuais. O petista também afirmou que as guerras e conflitos avançam diante do “vácuo” de lideranças na governança global e nos organismos internacionais. Acrescentou, ainda, que a guerra entre Rússia e Ucrânia não terá solução pela via militar e que a ONU deveria retomar o protagonismo da defesa da paz.

Sobre os ataques entre Israel e Irã, Lula disse que os ataques iniciados na semana passada ameaçam fazer o Oriente Médio um “campo de batalha” com consequências “inestimáveis”.
Durante a semana, por causa dessa guerra, dois grupos de prefeitos e outras autoridades brasileiras, em um total de 39 pessoas, retornaram de Israel. Eles saíram por terra pela Jordânia e seguiram até a Arábia Saudita, onde pegaram aviões para o Brasil.