O mototaxista e estudante de Técnica em Agrícola Alan Evaristo, morador de Campo Maior, no Piauí, que viralizou nas redes sociais após compartilhar um currículo divertido para atrair a clientela, assumiu, nesta sexta-feira, 30, que plagiou um rapaz de Minas Gerais, motorista de aplicativo. Ele publicou um comunicado nos stories do Instagram afirmando que reproduziu a ideia, fazendo alterações para o modelo de Mototáxi.

“Pessoal, sobre o currículo que está viralizando… A ideia não foi 100% minha. Eu vi de um rapaz que era Uber e, assim como outras pessoas, gostei. Não fui o único a reproduzir essa ideia. Então repostei para o meu trabalho, modificando para categoria de Mototáxi. Nunca imaginei que teria toda essa repercussão. Quanto às entrevistas, acabei me expressando de forma errada e dando a entender que a ideia foi minha, sendo que foi somente por conta das alterações para o modelo de Mototáxi”, escreveu. Ao Estadão, ele ainda declarou: “Gostaria de reforçar o pedido de desculpas. A todos!”.

O verdadeiro currículo é do publicitário Brunno Oliveira, 27, morador de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que é motorista de aplicativo. Ele contou que a ideia tem quase sete anos. “Foi depois que comecei a trabalhar como motorista do Uber. Trabalho há oito anos. Inicialmente, a ideia veio para conseguir captar mais corridas particulares. Eu tinha um pouco de receio em trabalhar em aplicativo e estava usando o carro do meu pai que, na época, não entrava no aplicativo. No prazo de três meses para a seguradora me pagar, eu fui usando o carro dele e decidi criar a publicação. Ia ser regional mesmo porque não tem como eu atender outros estados”, contou.

“Vi nessa publicação uma maneira de atrair clientes com o meu estilo: pessoas que vão conversar comigo, mais comunicativas, que não vão ligar para eu estar escutando uma música específica no carro etc. Aí criei usando um pouco dos meus dotes publicitários e um pouco das histórias que já havia passado andando de Uber.”.

Há duas semanas, ele postou a publicação novamente e recebeu vários comentários citando o mototaxista do Piauí. “Eu posto com uma certa frequência, pelo menos duas vezes por mês, em uma das minhas redes sociais. Na semana passada, comecei a ganhar muito seguidor. A publicação deu 30 mil compartilhamentos no Facebook, na minha página pessoal, por exemplo. Outras páginas de meme repostaram. Teve gente do Brasil inteiro, pessoas até do Japão me mandando mensagem. Aí, recentemente comecei a chamar a atenção de pessoas de São Paulo, do Rio de Janeiro… Comecei a ser marcado na publicação do Estadão“, explicou.

“Num primeiro momento, achei estranho. Várias pessoas me marcando falando da minha ideia. Aí, uma amiga minha, advogada, me chamou e foi ela quem entrou em contato com ele (Alan), falando que era roubo de propriedade intelectual o que ele tinha feito. Ele não respondeu primeiramente, mas depois falou comigo, contou a história dele e disse que não fez por mal, mas que ele compartilhou e que, de um dia para o outro, viralizou. Mas ele confessou que errou em ter falado que foi ele quem criou a publicação.”

‘Não tenho problema de copiarem a minha ideia porque sei que a situação no Brasil está difícil’

Brunno detalhou que chegou a ser ríspido com Alan mas garantiu que os dois se acertaram e que entendeu o lado do rapaz do Piauí. “Inicialmente, eu estava um pouco de cabeça quente, descontei um pouco nele. Meu amigo bateu com o carro ontem e eu estava com ele. Mas a gente conversou e foi se entendendo. Ele pediu desculpas e falou publicamente que a publicação não era dele e que ele errou”, disse.

“Não tenho problema de copiarem minha ideia porque sei que a situação no Brasil está difícil. Todo mundo tem que trabalhar, tem gente que tem dois ou três empregos, pessoas que ficam trabalhando o dia inteiro de motorista de Uber para conseguir pagar as contas no final do mês. Inclusive, quando postei na semana passada, que viralizou, várias pessoas vieram me procurar e eu autorizei repostar. Todo mundo tem que trabalhar, eu entendo isso. O negócio é dar o crédito. Se ele chegou ao ponto de ser entrevistado, ele tinha que ter dito que viu de um perfil na internet, algo assim. Até porque eu não ia poder atender a demanda da região dele, moro muito longe. Acabou que conversamos e, por mim, ficou resolvido, sem problema. Mas se fizeram comigo, podem fazer com outras pessoas e temos que alertar”, finalizou.