10/11/2024 - 7:23
Morreu na noite de sábado, 9, o motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais. Ele foi atingido por um tiro de fuzil nas costas durante o tiroteio que matou o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach na sexta-feira, 8, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos.
Novais tinha 41 anos e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarulhos, em São Paulo. Além dele, foram atingidos um funcionário terceirizado do aeroporto, que está em observação no hospital, e uma mulher de 28 anos, que foi atingida de raspão no abdômen e já recebeu alta.
Execução em aeroporto
Conforme informações da Polícia Civil de São Paulo, Gritzbach foi alvejado por 10 tiros. O ataque ocorreu por volta das 16h, na área de desembarque do Terminal 2.
O empresário foi vítima de dois homens que desceram de um carro preto e efetuaram ao menos 29 disparos. Os suspeitos fugiram e ainda não foram encontrados. Segundo o boletim policial, o empresário ligado à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) foi atingido no braço direito com quatro tiros, no rosto, com dois, e nas costas, na perna esquerda, no tórax e no flanco direito, com um em cada.
A polícia apreendeu um fuzil e uma pistola a cerca de 7 km do aeroporto, próximo a onde o veículo usado para cometer o crime foi abandonado.
Carro com problema
Policiais militares responsáveis pela segurança do empresário relataram que um dos carros utilizados para buscá-lo apresentou problemas de ignição. Outro veículo teve de deixar um dos agentes em um posto de gasolina para acomodar o empresário e sua namorada, que retornavam de Maceió. De acordo com os policiais, o incidente fez com que eles só chegassem ao local após o crime.
Ameaçado de morte pelo PCC após denunciar crimes ao Ministério Público, Gritzbach contratou quatro PMs para sua segurança: Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima. Todos estão sendo investigados pelo DHPP e foram afastados de suas funções no sábado, 9.
No local do crime, a perícia recolheu o celular de Gritzbach, que vai passar por análise para ajudar nas apurações do caso a partir das trocas de mensagens que devem ser extraídas e identificadas.
Também há suspeita de que o empresário vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás, pois os executores sabiam exatamente o horário que ele iria desembarcar.
Quem era o empresário
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anos atrás, ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, que movimentava milhões de reais comprando e vendendo drogas e armas ao PCC.
Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime organizado em imóveis, mas não podia realizar compras em seu nome, para não chamar a atenção das autoridades. Então Gritzbach passou a providenciar os “laranjas” e conseguia imóveis de alto padrão.
Há cinco anos, ele ofereceu o negócio de investimento em criptomoedas e passou a ser acusado de ter dado um desfalque de R$ 100 milhões nas finanças da facção. Então ele resolveu apresentar sua versão sobre os negócios do crime organizado no futebol ao assinar um acordo de delação premiada com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado). A delação foi proposta pela defesa em setembro de 2023. O Gaeco concordou com a delação e o acordo homologado pela Justiça em abril de 2024.
No acordo de delação, Gritzbach entregou documentos sobre quatro empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo no bairro do Tatuapé, alvo de investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas do PCC na região.
De acordo com a delação, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto. Além disso, são suspeitos de pagar propinas milionárias a policiais civis.
*Com informações do ‘g1’