Antonio Luiz Gomes da Silva, de 44 anos, trabalha como motorista para a empresa de aplicativo Uber há três anos. Diagnosticado com Síndrome de Tourette desde os 8 anos, ele resolveu pendurar um cartaz atrás do banco dianteiro para explicar aos passageiros os tiques que ele apresenta durante as viagens. As informações são da coluna Tilt do UOL.
A Síndrome de Tourette é uma doença neurológica que causa movimentos repetitivos, emissão de sons indesejados, piscar repetidamente os olhos, encolher os ombros e, em casos raros, proferir palavras ofensivas.
Em seu caso, Antonio balança a cabeça, pisca excessivamente os olhos, abre a boca e fica com a língua para fora. Devido à ansiedade durante a pandemia de Covid-19, ele também começou a mexer os ombros e o corpo.
Em entrevista à Tilt, Antonio afirmou que resolveu colocar o cartaz sobre a Síndrome de Tourette após ter sido bloqueado pela Uber durante 15 dias. Como ele não teve acesso ao motivo, achou que poderia ter sido uma reclamação sobre os seus tiques.
Segundo ele, após ter colocado o cartaz, “as viagens ficaram bem mais tranquilas. A gente vai conversando e as pessoas vão me contando as histórias delas. Umas têm a síndrome, outras conhecem quem tem”.
Repercussão
O motorista relatou que, em uma de suas viagens, embarcou o designer de embalagens Carlos Oliveira e, assim que viu o cartaz, pediu para tirar uma foto.
Depois, o designer publicou a imagem em seu perfil no LinkedIn, que viralizou. Atualmente, a foto tem mais de 65 mil curtidas na plataforma e 1.500 compartilhamentos.
Devido à grande repercussão, a imagem do cartaz de Antonio foi compartilhada em outras redes sociais.
“Não pensei que ia dar essa repercussão. Era mais por informação mesmo, mas eu fico feliz porque a gente está trazendo informação sobre uma síndrome que é não muito conhecida aqui (no Brasil)”, disse.
Conscientização
Antonio afirmou que espera que a Síndrome de Tourette seja cada vez mais divulgada para que a sociedade compreenda.
Para a Tilt, ele relatou que é pai de um menino, de 9 anos, que já apresenta alguns tiques da síndrome e passa por acompanhamento médico. “Espero que ele encontre um mundo com mais conhecimento sobre a Tourette, que mais pessoas ouçam sobre ela e que possam respeitar quem a tem.”
Em janeiro de 2022, foi elaborada uma proposta para incluir as pessoas que têm Síndrome de Tourette no Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O texto tramita em caráter conclusivo – quando não precisa ser votado em plenário – e deve ser analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família, Constituição e Justiça e de Cidadania.