Os motores de foguetes produzidos na Ucrânia que, segundo um estudo, teriam permitido a Pyongyang realizar avanços espetaculares em matéria de mísseis, foram entregues em sua totalidade à Rússia, informou a agência espacial ucraniana nesta terça-feira.

Moscou indicou que as modificações necessárias não teriam sido possíveis sem “especialistas ucranianos”.

De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), um centro de reflexão britânico, os mísseis usados nos últimos testes norte-coreanos contavam com motores feitos com base no RD-250, fabricado na usina de Yuzhmash, anteriormente soviética e atualmente ucraniana.

Estes motores, preparados até 2001, eram vendidos em foguetes Cyclone-2 e Cyclone-3 “em benefício da Rússia”, explicou à imprensa Yuri Radchenko, diretor da agência espacial ucraniana.

“Segundo as informações que temos, a Rússia conta atualmente […] com entre sete e 20 foguetes” deste tipo, acrescentou.

Não obstante, “depois puderam entregar uma parte a quem quisesse”, continuou.

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A Coreia do Norte conseguiu em dois anos um novo tipo de míssil de médio alcance, o Hwasong-12, e o seu “irmão mais velho”, o Hwasong-14, um míssil balístico intercontinental (ICBM).

De acordo com o IISS, para poder realizar esta transição em um período tão curto, Pyongyang teve que usar “um motor de combustível líquido de alto rendimento procedente de uma fonte no exterior”.

O centro de reflexão afirmou que os engenheiros norte-coreanos não têm os conhecimentos necessários para modificar o RD-250, que só pode ser adaptado nas fábricas ucranianas ou russas.

“Para utilizar desta forma estes motores e este foguete é indispensável ter acesso às tecnologias de produção de combustível dos foguetes. A Coreia do Norte não dispõe de tais tecnologias, mas sim dois países: Rússia e China”, explicou Radchenko.

Estes motores “não nem quadros nem esculturas. Para se fazer uma cópia deve contar com o original ou com planos detalhados”, assegurou o vice-primeiro-ministro russo, Dimitri Rogozine, no Facebook.

“É impossível sem especialistas ucranianos capazes e dispostos a desenvolver uma produção em uma plataforma estrangeira. De uma forma ou de outra trata-se de entregas de contrabando eludindo todas as estritas proibições internacionais vigentes”, assinalou.


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