A MotoGP oficializou nesta quinta-feira o retorno da categoria ao Brasil. A direção do campeonato assinou contrato de cinco anos com o governo do Estado de Goiás para receber a etapa a partir de 2026. A corrida será disputada no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia, no mês de março, ainda sem data confirmada.

A expectativa é de que o circuito receba até 100 mil torcedores no dia da prova principal. O governo projeta um impacto econômico de até R$ 1 bilhão, além de gerar arrecadação de impostos na casa dos R$ 200 milhões para o Estado, Goiânia e as cidades vizinhas.

O contrato foi assinado nesta quinta com a presença do governador Ronaldo Caiado e do espanhol Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna, empresa que detém os direitos da competição. O GP brasileiro será realizado pela Brasil Motorsports, promotora também do GP de São Paulo de Fórmula 1.

Será a segunda vez que a MotoGP terá uma etapa na capital goiana. A primeira aconteceu na década de 80, entre 1987 e 1989. “É um momento especial. A MotoGP está voltando para casa, foi onde tudo começou no Brasil há 37 anos. É um momento de muita felicidade. Sabemos da importância econômica deste evento, projetando a imagem de Goiás para o mundo inteiro”, afirmou Alan Adler, CEO da Brasil Motorsports.

O acerto foi celebrado pelo governo goiano. “Será o maior evento já ocorrido em toda a história do Estado de Goiás. Não se compara com o que tivemos aqui entre 87 e 89. Na época não tinha esse glamour todo. É algo do porte de uma corrida da Fórmula 1. Goiânia precisa se preparar, um ano e quatro meses para podermos receber bem esses convidados que virão do mundo todo”, declarou o secretário-geral de governo, Adriano da Rocha Lima.

A MotoGP entrou em negociação com cidades brasileiras nos últimos anos. Rio de Janeiro, com o autódromo que chegou a ser planejado a ser erguido em Deodoro, e Brasília, chegaram a iniciar conversas, sem sucesso. Goiânia contou com a vantagem do seu circuito, com características mais adaptáveis à motovelocidade, principalmente na questão de segurança. As áreas de escape maiores foram um dos diferenciais.

A negociação entre o Estado de Goiás e a cúpula da Dorna começou em julho deste ano. E contou com viagens de secretários de governo a etapas da MotoGP, na Europa, ao longo deste ano. A última versão do contrato foi definida na madrugada desta quinta, de acordo com as partes envolvidas. “Desde o começo essa negociação foi muito importante para nós. Estamos comprometidos em fazer algo muito especial para Goiás, para o Brasil e para a América do Sul. Vamos trabalhar duro para fazer deste evento o melhor do mundo”, afirmou Carmelo.

A Dorna indicou que pretende estender o vínculo com a etapa brasileira futuramente. E afirmou que o GP deve ser o mais veloz do calendário da competição. “Corremos aqui por três anos, na década de 80, todas etapas vencidas por lendas da MotoGP. Acredito que será incrível de novo. Provavelmente será o GP mais veloz de todo o calendário. Muitas curvas poderão ser vistas de diferentes pontos das arquibancadas. Será um incrível evento dentro e fora da pista. Estamos emocionados de estar aqui de novo. Queremos que essa parceria vá além de cinco anos”, disse Carlos Ezpeleta, diretor da Dorna.

REFORMA

O autódromo, considerado o mais adequado para receber provas de motovelocidade no Brasil, será fechado em janeiro para uma reforma que durará seis meses para ajustes gerais, dentro e fora da pista. De acordo com o governo estadual, as alterações vão alcançar as áreas de escape, o guardrail e o asfalto, que será renovado. A previsão é de um custo de R$ 50 milhões.

Haverá, no entanto, mais mudanças após o meio do ano, mas o circuito não precisará permanecer fechado. “Dada as características do autódromo de Goiânia, as intervenções serão mínimas para garantir a segurança, mas faremos melhorias em outras áreas que podem durar mais tempo, mas não impedem a realização de outros eventos no autódromo”, explicou o secretário-geral do governo.

“A reforma já está planejada, seguindo as orientações da Dorna e da Brasil Motorsports. O investimento vai chegar a R$ 50 milhões num contexto global da recuperação da pista, asfaltamento, área de boxes, estrutura de arquibancadas”, comentou o governador goiano.

A MotoGP não conta com uma etapa no Brasil desde 2004, ano de sua última corrida em solo nacional. A categoria foi disputada no agora extinto Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, entre 1995 e 2004. O Autódromo de Interlagos, em São Paulo, recebeu uma edição, em 1992.

Antes disso, a principal competição de motovelocidade do mundo foi disputada justamente em Goiânia, no agora chamado Autódromo Internacional Ayrton Senna, entre os anos de 1987 e 1989. O último brasileiro a figurar no grid da MotoGP foi Alexandre Barros, que esteve na última prova brasileira, há 20 anos.