Usando bandanas, chapéus de caubói ou capacetes, milhares de motociclistas participaram neste domingo (27), em Washington, da caravana em homenagem aos soldados americanos mortos em guerras, uma tradição de 30 anos conhecida como “Rolling Thunder”.

“Continuaremos vindo até que todos voltem para casa, de todas as guerras”, disse Jack Richardson, que aos 73 anos saiu da Califórnia para percorrer o país pela 13ª vez para participar da caravana durante o Memorial Day, comemorado neste fim de semana.

Vestindo jaqueta de couro, este veterano da guerra do Vietnã se reuniu com milhares de outros motociclistas em um estacionamento próximo ao Pentágono, à espera do começo da caravana.

A via os levará pelo centro de Washington, em frente aos monumentos do National Mall, até o austero memorial de mármore preto, gravado com os nomes de quase 60 mil soldados americanos mortos no Vietnã.

“Ainda há famílias esperando aqui nos Estados Unidos, que não sabem onde estão seus pais, seus irmãos”, disse Richardson, policial aposentado de Los Angeles, e que serviu duas vezes no Vietnã nos anos 1960.

Segundo os organizadores, ainda há mais de 85.000 soldados americanos desaparecidos em conflitos desde a Primeira Guerra Mundial.

A maioria é da Segunda Guerra, mas 1.598 dos desaparecidos são da Guerra do Vietnã, conflito ainda vivo na memória dos veteranos mais velhos, no qual também morreram mais de um milhão de vietnamitas.

O desfile foi realizado pela primeira vez em 1988, com 2.500 motociclistas, reunidos sob o lema “We will never forget” (Nunca esqueceremos) para pressionar pelo esclarecimento do número de desaparecidos no Vietnã.

Com o passar dos anos, a adesão aumentou, transformando-se em uma festa barulhenta, que os organizadores dizem atrair cerca de um milhão de pessoas, incluindo os espectadores.

Além dos desaparecidos, os motociclistas também vão recordar dos companheiros mortos. Isso é o que motiva Mel Goudge, que serviu no Vietnã em 1965-66, a atravessar o país desde o estado de Washington, no noroeste dos Estados Unidos.

“Foi uma peregrinação. Cresci com um amigo que morava na frente da minha casa e morreu em 25 de novembro de 1968. Precisava vir e tocar seu nome no mármore”, afirmou.

Revivendo a guerra, enquanto tomam café em meio a bandeiras americanas, a maioria evita falar de política, mas Donald Trump conquistou muitos deles após visitar a Rolling Thunder durante sua campanha presidencial em 2016.

“É fantástico ter 400.000 GRANDES HOMENS E MULHERES da Rolling Thunder em D.C., mostrando seu patriotismo. Eles amam nosso País, amam nossa Bandeira, respeitam nosso Hino Nacional!”, tuitou Trump antes do cortejo.