Um chute forte, em curva, que foi parar no ângulo esquerdo do goleiro adversário marcou os primeiros passos de Richarlison na seleção brasileira. É fato que o adversário era a fraca seleção de El Salvador e que a partida acabaria em 5 a 0 para o Brasil – o atacante do Everton ainda faria mais um -, mas sua boa atuação em campo e o desempenho nos treinos convenceram o técnico Tite a lhe dar uma sequência. Estreando na equipe principal no pós-Copa, Richarlison esteve em oito jogos e cavou uma vaga na Copa América. É um dos nove que não estiveram no Mundial da Rússia na (pouco) renovada seleção brasileira.

O jogador de 22 anos foi o primeiro a se apresentar na Granja Comary, em Teresópolis, na quarta-feira. “Eu estava bastante ansioso para chegar à seleção, mas não acreditava que ia ser o primeiro”, diz. Até o início da Copa América, Richarlison terá cerca de três semanas de concentração, algo que vê como positivo. “Vamos ter praticamente 20 dias de treinamento forte e quero chegar voando.”

Nos treinos físicos ou com bola na Granja, Richarlison chama a atenção pela vontade. Mesmo em roda de bobinho ou em treinos em campo reduzido, ele chega com firmeza nas jogadas. Nesta sexta-feira, só tirou o pé num lance em que uma dividida mais forte poderia terminar com alguém machucado.

O empenho foi uma das razões que levaram Tite a dar uma chance ao atacante, mas sua versatilidade também foi fator importante. Ele pode jogar centralizado, mas pode atuar pelos lados. O treinador e a comissão técnica veem Richarlison aberto pelo setor direito.

A direita é o lado em que o jogador menos está habituado, mas é o único em que tem chances de ser titular. Afinal, o lado esquerdo é de Neymar, e o centro do ataque tem Roberto Firmino ou Gabriel Jesus.

Richarlison sabe que a disputa por uma vaga na equipe é tão difícil quanto aquela que teve para estar na lista dos 23 convocados. “São jogadores de qualidade, todo mundo brigando para conseguir ficar entre os titulares”, considera. Sem alarde, contudo, ele demonstra ter consciência de que pode vir a ser um dos escolhidos. “A gente chega à seleção para jogar. Vai depender dos meus treinamentos, de como vou agir.”

Quando olha para a frente, o atacante do Everton prefere a cautela, seja o assunto a seleção brasileira ou a ida a algum clube de maior prestígio do futebol europeu. “Desde o começo da minha carreira eu venho conquistando meu lugar passo a passo”, argumenta. “Tudo com calma.”

Richarlison não considera que um bom desempenho na Copa América possa fazer alguma diferença para a Copa do Mundo do Catar. “Acho que é muito cedo. Depois da Copa América serão mais dois, três anos que a gente vai precisar estar bem. Precisamos estar bem no clube, senão não adianta nada chegar à seleção. É muito cedo pra falar.”