As mulheres brasileiras ainda são sexualizadas ao redor do mundo, e como critica a esse assédio a mostra “Oh, I Love Brazilian Women” ganhará espaço na apexart, em Nova York, em janeiro. A iniciativa da tradutora e curadora paulista Luiza Testa reúne 12 obras de artistas brasileiras, que expõem esse tema e outros como HIV, violência doméstica e pandemia, a partir da perspectiva de gênero.

Ao Universa, de onde são as informações, Luiza Testa disse que a ideia da mostra veio de sua experiência ao morar de 18 meses em Nova York, onde ouviu comentários machistas, do tipo “Você é brasileira? Nossa, eu adoro mulheres brasileiras”.

“A gente cresce ouvindo isso, mesmo sem sair do Brasil. ‘Adoro mulheres brasileiras’ é o nome da exposição, porque soa muito familiar mesmo, eu ouvi diversas vezes enquanto morava fora. A gente demora para entender o que de fato significa, qual é a insinuação por trás disso, mas sabe que tem algo nessa frase que não soa bem”, explicou.

Luiza percebeu de perto que ser brasileira ou latina fora do país acompanha estigmas específicos. “Nos Estados Unidos, existe o biquíni brasileiro, a depilação brasileira, que são formatos que fortalecem esse estereótipo sexualizado. Tem até uma expressão, ‘Brazilian butt’, usada para falar das bundas maiores”, declarou.

Além de sua experiência, Luiza também refletiu — e desaprovou — uma fala machista do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que fomenta todas as atitudes negativas que as mulheres lutam diariamente contra.

“Ao falar contra o turismo LGBTQIA+, o presidente disse que os homens que quisessem vir ao Brasil fazer sexo com mulheres poderiam ‘ficar à vontade’. Isso me fez pensar no turismo sexual e na gravidade de um chefe de estado incentivar isso. Para muitas pessoas, o Brasil segue sendo aquele território a ser explorado, onde mulheres também estão à disposição para serem exploradas, como na colonização”, lamentou a curadora.

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Luiza reforçou que não são todos europeus ou norte-americanos que assediam mulheres brasileiras, mas é algo que acontece reiteradamente, fazendo com que as mulheres sintam ofendidas com esse estereótipo. “Algumas amigas já ouviram portuguesas dizendo que as brasileiras vão para Portugal para roubar os maridos delas. Quando uma mulher fala isso, está reproduzindo uma ideia muito machista”.

Ainda de acordo com ela, a luta das brasileiras não anula e nem ameniza a de mulheres de outras etnias, “que também sofrem com outros estereótipos, às vezes até mais graves, mas a sexualização de mulheres brasileiras lá fora é um assunto que precisa ser discutido”.


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