Um dos principais eventos cinematográficos dedicados ao tema socioambiental, a Mostra Ecofalante de Cinema continua em cartaz com ampla programação em São Paulo – e, melhor, com ingressos gratuitos.

Nesta quinta, 6, entre as várias opções, destaque para duas obras-primas. O documentário Corações e Mentes (que será exibido às 20h na Reserva Cultural) estreou em 1974 e logo faturou o Oscar da categoria. Merecido: o longa dirigido por Peter Davis ainda impressiona pela crueza de suas imagens.

O filme tornou-se uma peça importante dos protestos que levaram ao fim da Guerra do Vietnã ao mostrar os horrores do conflito para os habitantes locais. Em entrevista ao Estado em 2005, o cineasta contou que o documentário nasceu da indignação. “A mídia só mostrava imagens tendenciosas da guerra.” Integrante de um grupo de cinegrafistas e montadores, eles decidiram que era preciso mostrar as coisas também do outro lado.

“As imagens de destruição com napalm provocaram tanta indignação que o Congresso dos EUA votou uma lei desautorizando o uso de armas químicas”, contou Davis. Por causa disso, os generais disseram que foram impedidos de ganhar a guerra.

Mais cedo, às 18h, na mesma Reserva Cultural, o espectador poderá (re)ver um clássico de Michelangelo Antonioni, Zabriskie Point. Trata-se do filme americano rodado pelo cineasta italiano em 1970, uma crítica ferrenha contra uma sociedade cada vez mais favorável ao consumo e esvaziada de sentido.

O longa mostra um estudante que, suspeito de agredir um policial durante um protesto no câmpus universitário, é obrigado a fugir. Em seu caminho, ele conhece uma garota hippie. Junta, a dupla ruma até o Vale da Morte, na Califórnia, marcada por paisagens abertas, como o marco Zabriskie Point.

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Recheado de simbolismos, o filme tem um final assombroso, no qual a heroína imagina uma explosão que leva os destroços do mundo ocidental a caírem em cascata pela tela, em câmera superlenta e cores vívidas. Ainda hoje, deslumbrante.

Com exibições até o dia 12, a Mostra Ecofalante propõe uma reflexão sobre o mundo após os anos 1960 por meio de obras instigantes e definitivas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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