O mosquito Aedes aegypti utiliza o infravermelho para detectar e alcançar seu objetivo de picar seres humanos, segundo um estudo publicado na revista Nature.

Este mosquito é um dos principais vetores de transmissão de vírus que causam dengue, febre amarela, zika e chikunguny, um efeito colateral de seu principal objetivo: se alimentar de sangue, preferivelmente humano.

Para isso, o mosquito integra simultaneamente vários métodos de detecção, detalha o estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.

O Aedes aegypti detecta primeiro a flutuação mínima de dióxido de carbono (CO2) no ar, provocada pela respiração do ser humano. Esta detecção é feita a mais de dez metros do indivíduo.

Segundo o estudo, publicado na última quarta-feira (21), este feito “aumenta a sua atividade locomotora e incrementa sua reatividade a outros estímulos provenientes do hospedeiro”,especialmente os sinais olfativos do odor humano, detectáveis a uma distância de um a dois metros.

Visto que o Aedes aegypti tem “acuidade visual ruim”, a eficácia desses sinais é diminuída por possíveis correntes de ar.

O inseto sabe que está perto de alcançar seu objetivo quando está a menos de dez centímetros da pele humana, que ele detecta através da umidade e do calor.

A equipe da Universidade da Califórnia, dirigida pelo professor Craig Montell, pesquisou se o Aedes aegypti poderia utilizar também a radiação infravermelha transmitida por todo ser vivo para facilitar seu objetivo.

Os pesquisadores realizaram um experimento colocando 80 mosquitos fêmeas em uma jaula, a poucos centímetros de duas placas, uma em temperatura ambiente de 29,5ºC, típica de um país quente, e a outra na temperatura da pele humana: 34ºC.

Este dispositivo também permite a emissão de uma discreta nuvem de CO2 e a difusão do cheiro de suor humano de uma luva velha.

Os pesquisadores observaram que um único sinal, seja CO2, odor ou radiação infravermelha da placa na temperatura da pele, provocou uma resposta muito fraca. No entanto, a resposta foi significativamente mais forte com a combinação de odor e CO2, e mais ainda quando se associou radiação infravermelha, odor e CO2.

Os autores supõem que “a detecção por infravermelho poderia ser amplamente utilizada pelos mosquitos para atingir hospedeiros de sangue quente”. Se assim for, os pesquisadores citam a possibilidade de projetar “armadilhas mais eficazes”.

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