O cruzador Moskva, o navio-símbolo da frota russa do Mar Negro que foi gravemente danificado nesta quinta-feira (14), é uma embarcação altamente simbólica que participou de numerosas operações militares e também serviu de ferramenta da diplomacia russa.

– Origens soviéticas –

O navio entrou em serviço em 1983 durante a era soviética com o nome Slava (Glória). Esta embarcação lança-mísseis Atlant foi concebida para ser um destruidor de porta-aviões.

O navio de 186 metros de comprimento foi rebatizado em 1995 como Moskva (Moscou) e está dotado de 16 mísseis antinavio Bazalt/Voulkan, de mísseis Fort, que são a versão marinha dos mísseis S-300 de longo alcance. Também conta com lança-foguetes, canhões e torpedos.

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, foi reformado duas vezes e modernizado, a última vez entre 2018 e 2020.

Pode abrigar até 680 tripulantes, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.

– Três guerras –

O primeiro conflito em que participou foi o da Geórgia em agosto de 2008. A Rússia não informou quais foram suas missões, mas um alto responsável militar georgiano questionado pela AFP nesta quinta indicou que a embarcação entrou no porto de Ochamchire para bombardear as forças georgianas, que acabaram perdendo na época a única região que estava sob o seu controle no território dos separatistas.

O então presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, expressou sua “gratidão” à tripulação do navio por sua “coragem e determinação” no conflito.

Depois, em setembro de 2015, o Moskva foi enviado para ajudar o regime de Bashar al Assad na guerra na Síria, no Mediterrâneo oriental, para assegurar, segundo o Ministério da Defesa russo, a proteção da base russa de Hmeymim.

Pouco depois, Vladimir Putin entregou para toda a tripulação a ordem Nakhimov em reconhecimento por sua “coragem e determinação”.

A partir da cidade de Sevastopol, que abriga a base da frota russa que está no Mar Negro, na península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, o Moskva participa da ofensiva lançada em 24 de fevereiro de 2022 por Vladimir Putin contra a Ucrânia.

Em uma troca de mensagens de rádio que viralizou no início do conflito, os guardas fronteiriços ucranianos da pequena ilha das Serpentes responderam com palavrões ao ultimato feito pelos russos para que se rendessem. Pouco depois, o Moskva e outra embarcação bombardearam a ilha e tomaram como prisioneiros os militares ucranianos.

– Missões diplomáticas –

Quando o Moskva ainda levava o nome Slava, participou da Cúpula de Malta que reuniu o dirigente soviético Mikhail Gorbachev com o presidente americano George Bush, que ocorreu no navio Maxim Gorky em dezembro de 1989, pouco depois da queda do muro de Berlim.

O navio também participou da conferência para o desarmamento de Yalta, em agosto de 1990.

Várias autoridades estrangeiras subiram a bordo da embarcação. Em agosto de 2014, Putin recebeu com honras militares o presidente egípcio Abdel Fattah al Sissi e, em uma visita à Itália, recebeu o então chefe de governo Silvio Berlusconi.