Um tribunal militar de Moscou prorrogou, nesta sexta-feira (3), por mais seis meses, a prisão preventiva das artistas russas Yevgenia Berkovich e Svetlana Petriychuk, detidas há um ano por causa de uma peça teatral.

“A detenção de Petriychuk e Berkovich foi prorrogada até 22 de outubro”, disse o juiz Yuri Masin, citado pela agência de notícias Ria Novosti.

A diretora Yevguenia Berkovich, de 39 anos, e a dramaturga Svetlana Petriychuk, de 44, foram presas em 5 de maio de 2023 por “defenderem o terrorismo”, crime que pode ser punido com até sete anos de reclusão no país.

A acusação diz respeito a um espetáculo de 2020, “Finist is a Brave Falcon”, que conta a história de russas recrutadas online por islamistas que vão à Síria para se casar com eles.

Aclamada pela crítica, a obra recebeu duas “Máscaras de Ouro” em 2022, principal prêmio russo para as artes cênicas.

Durante a audiência desta sexta-feira, segundo a Ria Novosti, um procurador justificou a detenção afirmando que as artistas poderiam fugir ou escapar da justiça, argumento que a defesa rejeitou.

Yevguenia Berkovich, citada pelo meio independente Sotavision, declarou que sua detenção pode ser “catastrófica” para a saúde de seus dois filhos mais novos.

Um tribunal de Moscou tinha rejeitado, na véspera, o recurso e todos os pedidos da defesa para que as artistas cumprissem prisão domiciliar enquanto aguardam julgamento.

Berkovich e Petriychuk, que permaneceram juntas em uma cela estreita durante a audiência, participaram por videoconferência.

Em meados de abril, as duas mulheres foram incluídas na lista de “terroristas e extremistas” estabelecida pelas autoridades russas.

Berkovich já tinha sido condenada a 11 dias de detenção depois de se manifestar contra a ofensiva russa na Ucrânia no dia em que esta começou, 24 de fevereiro de 2022, saindo às ruas com uma faixa que dizia “não à guerra”.

A diretora também publicou uma poesia contra o conflito, evocando a angústia das cidades ucranianas devastadas.

Autoridades russas aumentaram a repressão contra todos os dissidentes no país desde o início da guerra, com multas e penas de prisão.

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