O papa Francisco denunciou, nesta segunda-feira (8), os “crimes de guerra” cometidos contra civis no conflito entre Rússia e Ucrânia, assim como na guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, recusando-se a considerá-los como “danos colaterais”.

“Em um contexto, em que já não parece se observar uma distinção entre os alvos militares e civis, não há conflito que não termine de algum modo por atingir, indiscriminadamente, a população civil”, declarou o pontífice durante a tradicional troca de felicitações pelo Ano Novo.

“Os acontecimentos na Ucrânia e em Gaza são uma prova clara disso”, acrescentou, em seu discurso ao corpo diplomático acreditado na Santa Sé.

“Não devemos esquecer que as violações graves do direito internacional humanitário são crimes de guerra”, frisou o jesuíta, pedindo um “maior compromisso da comunidade internacional na salvaguarda e implementação do direito humanitário”.

“As vítimas civis não são ‘danos colaterais’. São homens e mulheres com nomes e sobrenomes que perdem a vida”, continuou.

“São crianças que ficam órfãs e privadas de futuro. São pessoas que sofrem fome, sede e frio, ou que são mutiladas, devido ao poder das armas modernas”, insistiu.

Francisco voltou a denunciar o ataque lançado pelo grupo islamista palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que deixou quase 1.140 mortos, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em números israelenses.

“Repito minha condenação a esta ação e a qualquer forma de terrorismo e de extremismo”, disse ele, ao mesmo tempo em que pediu a “libertação imediata de todos os reféns em Gaza”.

Jorge Bergoglio considerou que a “forte resposta militar” de Israel também causou “uma situação humanitária gravíssima com sofrimentos inimagináveis”.

O Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, afirma que os bombardeios israelenses já deixaram mais de 23.000 mortos no estreito território.

Durante 45 minutos, o papa passou em revista os desafios que o planeta enfrenta, como o aquecimento global, as questões de bioéticas, ou as perseguições sofridas pela população cristã no mundo.

Também expressou sua preocupação com “o aumento de atos de antissemitismo” nos últimos meses.

A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 184 Estados. Desse total, 89 têm representação oficial em Roma.

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