A ponte Francis Scott Key, um dos marcos de Baltimore, cidade localizada no estado de Maryland, noroeste dos EUA, sofreu um colapso na madrugada de terça-feira (26). O desastre ocorreu após o navio de carga Dali, de Singapura, colidir a 15 km/h com um dos pilares da estrutura. Como resultado, oito pessoas caíram. Dois corpos foram resgatados pelos bombeiros e ainda há seis desaparecidos nas águas do Rio Patapsco, até o fechamento desta edição.

• A tripulação chegou a emitir um alerta de emergência antes da colisão, o que permitiu que as autoridades bloqueassem parcialmente o tráfego na ponte.
• Emitiram ainda um chamado de socorro, comunicando que a embarcação havia ficado sem energia momentos antes do acidente — essa ação rápida evitou uma tragédia ainda maior.

Com 300 metros de comprimento, o navio colidiu com um dos pilares da ponte, que tem uma extensão de 2,6 quilômetros. O impacto fez com que a estrutura se quebrasse e caísse na água em questão de segundos. “Trata-se de uma embarcação de grande porte. Mesmo em baixa velocidade é difícil acionar meios dinâmicos que reorientem seu movimento”, explica Henrique Dinis, professor de engenharia civil do Mackenzie.

Todos imigrantes de países da América Latina, os trabalhadores que foram vítimas do acidente estavam realizando reparos. Jeffrey Pritzker, vice-presidente executivo da Brawner Builders, informou que eles estavam trabalhando no meio do vão quando a ponte cedeu.

A polícia de Maryland informou que os desaparecidos possivelmente estão mortos, levando em consideração o tempo decorrido desde o desaparecimento e a baixa temperatura da água.

Durante uma coletiva de imprensa, Jennifer Homendy, presidente do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) dos EUA, afirmou que a estrutura da ponte passará por uma análise detalhada.

O colapso da ponte resultará em um pesadelo logístico que pode durar meses e que interromperá o tráfego no porto

(Divulgação)

Análise da estrutura

“Existem algumas maneiras para prevenir a colisão de um navio com um pilar de ponte. Sistemas de navegação sofisticados e alertas podem ser empregados para orientar os navios sobre a localização exata dos pilares, auxiliando na prevenção de colisões. Adicionalmente, dolfins ou barreiras de proteção podem ser estrategicamente posicionadas ao redor dos pilares para absorver a força do impacto e prevenir danos diretos aos pilares”, avalia Pedro Lyra, coordenador do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

O colapso da ponte provavelmente resultará em um pesadelo logístico que pode durar meses, senão anos, na região, interrompendo o tráfego de navios no Porto de Baltimore, um ponto logístico crucial para a economia local. Abastece, inclusive, a região de Washington D.C., a capital norte-americana. O acidente causará complicações no tráfego de cargas e passageiros.

O porto de Baltimore é um centro de transporte importante na Costa Leste dos EUA. A ponte atravessa o Rio Patapsco, que é utilizado por navios de carga para chegar à Baía de Chesapeake e, posteriormente, ao Oceano Atlântico.

O Dali estava a caminho do porto de Colombo, no Sri Lanka, partindo de Baltimore e navegando sob a bandeira de Singapura, de acordo com os dados do Marine Traffic. “Embora ainda seja prematuro determinar a causa exata do acidente, incidentes de tal magnitude geralmente levam as autoridades a revisar as normas e regulamentos existentes”, explica Lyra.

Em relação ao comércio mundial, o desabamento da ponte em Baltimore provavelmente não terá um grande impacto. As instalações do porto, porém, desempenham um papel crucial no transporte de mercadorias específicas da região, como equipamentos agrícolas e automóveis.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já se pronunciou sobre o ocorrido. Prometeu que o governo federal arcará com todos os custos de reparo e trabalhará rapidamente para reconstruir a ponte.

A cena do acidente é devastadora, com muitas estruturas destruídas, contêineres abertos, espalhados como latas de conserva, e o navio preso nos destroços.

Embora uma investigação preliminar indique que o acidente foi causado por uma falha no barco Dali, as autoridades continuam a examinar todas as possibilidades. A recuperação dos gravadores de voz e dados da embarcação será fundamental para entender melhor o que aconteceu.