O número de mortes provocadas pelo H1N1 em todo o País subiu de 71 para 102, em uma semana, alta de 43%. São Paulo concentra o maior o registro de vítimas, com 70 óbitos, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Com longas filas nas unidades da rede pública, começou na segunda-feira, 11, em São Paulo a campanha de vacinação antecipada para grupos de risco – gestantes, pessoas acima de 60 anos e crianças de 6 meses a 5 anos -, inicialmente prevista para o dia 30 deste mês.

Na rede estadual, do dia 4, quando teve início a campanha para profissionais de saúde, até ontem, foram imunizadas 243 mil pessoas – dessas, 120 mil gestantes, idosos e crianças da região de São José do Rio Preto. A estimativa é de que 3 milhões de pessoas sejam imunizadas. A Prefeitura de São Paulo não divulgou balanço.

“Estamos no início da curva”, afirmou o diretor de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. A tendência, segundo ele, é de que a epidemia de gripe, que neste ano teve início antecipado, cresça no próximo mês e atinja o seu ponto máximo. A previsão é feita com base na trajetória da epidemia em 2013.

Dos 686 casos identificados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 78% estão concentrados em São Paulo. Foram 534. Em todo o Sudeste, foram identificados 553 pacientes com complicações provocadas pelo vírus. Santa Catarina é o segundo Estado com maior número de casos da doença: 40, seguido do Paraná (21 casos), Goiás (12), Pernambuco (11), Minas (10), Bahia (9) (mais informações no quadro acima).

Ao todo, 18 Estados têm registro de complicações provocadas pelo H1N1. Há uma semana, eram 444 casos – alta de 54%. Além de São Paulo, outros 13 Estados registram mortes provocadas pelo vírus.

Maierovitch não descarta o risco de a epidemia atingir neste ano indicadores semelhantes ao registrado há três anos, que acabou com 768 óbitos. “Pode ser que vejamos uma repetição do grande número de mortes.” Ele, porém, observou que todos os anos a gripe provoca um número significativo de óbitos.

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Prevenção

Com medo do surto, a população-alvo da campanha de vacinação chegou aos postos da capital ontem ainda de madrugada. O guia turístico Caio Damazio, de 27 anos, foi o primeiro a chegar à Unidade Básica de Saúde (UBS) Humberto Pascale, em Campos Elísios, no centro, para garantir uma dose para a sobrinha de 9 meses. Eram 4h20. “Na semana passada, nós tentamos em uma clínica particular. Cheguei às 4h30, mas não consegui senha”, disse Damazio. “A gente está assustado com esse surto.”

Não só ele. Em questão de minutos, o público se multiplicou. Às 6 horas, eram 20 pessoas. Às 6h30, havia cerca de 70 na fila. Por volta das 7 horas, já passavam de 120. “Tem de se cuidar, porque o negócio é muito sério”, disse o aposentado Antônio Amâncio, de 68 anos. “Um amigo meu ficou gripado na semana passada. Sentiu muita dor de cabeça e febre. Três dias depois, morreu”, contou.

Maria José Borges, de 66 anos, decidiu se vacinar o quanto antes. “Nos outros anos, eu não tinha muita pressa, mas agora eu quis vir logo no primeiro dia”, afirmou a aposentada, atendida na UBS Vila Ipojuca, na Lapa, zona oeste.

Na UBS Dr. Manoel Joaquim, na Vila Madalena, zona oeste, o advogado Ubiratan Custódio, de 69 anos, reclamou da espera. “Você coloca um idoso em pé por horas depois diz que a campanha foi um sucesso, mas é uma tragédia”, afirmou. Custódio disse que levou 1h25 para ser vacinado.

Quem optou por ir mais tarde teve mais tranquilidade. Por receio de enfrentar uma multidão na UBS Jardim Icaraí, na Brasilândia, zona norte, a dona de casa Carla Ariade, de 21 anos, chegou às 11 horas com o filho Murilo, de 4. “Vim logo no primeiro dia já para prevenir porque dizem que essa gripe mata, né? Achei que de manhã estaria bem cheio, então vim mais tarde para evitar espera”, disse.

Quem também preferiu aguardar foi a aposentada Manuela da Silva, de 84 anos, que foi sozinha ao posto e saiu vacinada em dois minutos. “Todo ano eu tomo. E imaginei que neste ano teria confusão, então vim quando achei que estaria mais sossegado.”

O secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, pediu calma à população. “A vacina vai estar presente. Temos um estoque absolutamente garantido”, disse em visita à UBS Dr. Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, na Brasilândia, na zona norte. A Prefeitura pretende imunizar 1,3 milhão de pessoas.


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