Mortes por envenenamento com comida mostram frequência; relembre casos recentes

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Três morreram após envenenamento de prato no RS, em dezembro de 2024 Foto: Reprodução/TV Globo

Um jovem de 19 anos está internado em estado grave após comer um bolinho de mandioca envenenado em São Bernardo do Campo, São Paulo. O alimento foi enviado por uma tia da vítima na última sexta, 11, e continha chumbinho.

Lucas da Silva Santos comeu o bolinho por volta das 20h e começou a se sentir mal poucos minutos depois. Logo, ele foi levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) União e o caso passou a ser investigado como envenenamento.

Especialistas apontam que mortes por envenenamento, marcadas por planejamento e intencionalidade, são classificadas como homicídio qualificado. Nos últimos meses, casos de intoxicação alimentar com desfecho fatal têm ganhado destaque, registrando pelo menos 30 ocorrências em um ano.

Alguns deles ganharam destaque, seja pela violência ou pelos envolvidos, que costumam incluir pessoas próximas à vítima.

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Relembre casos recentes de envenenamento:

Luiz Marcelo Antonio – ‘brigadeirão’

Veneno utilizado: morfina

Ainda no primeiro semestre de 2024, o empresário Luiz Marcelo Antonio Ormond, de 44 anos, foi encontrado morto no apartamento em que morava no Rio de Janeiro. Desde o princípio, as investigações se concentraram na então namorada da vítima, Júlia Pimenta, que aparecia nas câmeras do elevador junto a Luiz.

Conforme as averiguações, os policiais indicaram que Júlia teria envenenado o namorado com um “brigadeirão”. Ela e a cigana Suyany Breschak foram acusadas de tramar o homicídio e produzir o doce com altas doses de morfina – o que teria causado a morte do empresário. A motivação seria financeira.

Vitória da Conceição Pereira – milk-shake

Veneno utilizado: chumbinho

Em agosto de 2024, uma jovem de 23 morreu após tomar um milk-shake envenenado no município de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Vitória da Conceição Pereira foi vítima do ex-namorado, Deivid Nascimento Santana, que enviou o lanche intoxicado por meio de outras pessoas utilizando um nome falso.

A jovem passou mal na mesma madrugada e não resistiu aos efeitos da substância, identificada como veneno de rato (chumbinho). Vitória já possuía uma medida protetiva contra o ex-companheiro e o crime foi classificado como feminicídio.

Vítima não identificada – bombom

Veneno utilizado: chumbinho

Também em agosto de 2024, um outro caso de envenenamento foi registrado. Dessa vez, um homem foi preso em flagrante por tentar matar o próprio amigo com um bombom intoxicado e facadas.

O crime ocorreu na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e teria sido motivado por ciúmes da vítima, que estava se reaproximando de uma ex-namorada. Edimar Barbosa confessou que colocou chumbinho no chocolate e ofereceu ao amigo – que, após uma mordida, se recusou a comer mais. Irritado, o criminoso decidiu esfaquear o homem para que o assassinato fosse consumado.

Joice dos Santos Silva Cirino – coxinha

Veneno utilizado: pesticida e raticida

Em outubro de 2024, uma professora morreu ao comer uma coxinha envenenada em São Brás, Alagoas. O responsável seria o ex-marido, que não aceitava a separação. 

As substâncias encontradas no alimento foram identificadas como altamente nocivas e até proibidas pelo Ministério da Agricultura. Joice dos Santos Silva Cirino já desconfiava que poderia ser vítima do ex-companheiro, mas passou mal e não resistiu ao envenenamento.

Família dos Anjos – bolo de Natal

Veneno utilizado: arsênio

No Natal de 2024, uma família sofreu com a morte de três parentes por envenenamento. Em um momento que deveria ser de confraternização, diversos familiares ingeriram um bolo e foram hospitalizados. Zeli dos Anjos, de 61 anos, é a principal testemunha e conta que perdeu as irmãs Neuza e Maida, além da sobrinha Tatiana.

A culpada é Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli, que cultivava uma relação conturbada com os demais parentes. Ela foi responsável por colocar arsênio na farinha utilizada para produzir o bolo e planejar a morte da família. Além das três vítimas, o corpo de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli e falecido poucos meses antes, foi revisitado e investigações concluíram que ele também havia sido vítima de envenenamento – não de infecção intestinal, como se pensava.

Família da Silva – arroz

Veneno utilizado: terbufós/inseticida

Já na virada do ano, outra família passou pela tragédia e cinco pessoas morreram em decorrência de envenenamento no Piauí. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi responsável por infectar o arroz utilizado no prato baião de dois, servido na noite de reveillon. 

As primeiras vítimas foram Francisca Maria da Silva e de Manoel Leandro da Silva, ambos enteados do criminoso. As outras três mortes foram dos filhos de Francisca, que também não resistiram ao veneno. 

Durante as investigações, mais dois assassinatos foram atribuídos ao homem- João e Ulisses, também filhos de Francisca, que morreram meses antes, vítimas de envenenamento por terbufós.

Ythallo e Benjamin – açaí

Veneno utilizado: chumbinho

As crianças Ythallo Raphael Tobias Rosa, de seis anos, e Benjamin Rodrigues Ribeiro, de sete, foram mortos após comer um açaí envenenado em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

O culpado de matar os meninos é o ex-marido da mãe de Benjamin, identificado como Rafael da Rocha Furtado. O homem havia buscado a criança na escola e oferecido o açaí. No caminho, Benjamin encontrou o amigo Ythalo, com quem dividiu a bebida.

Investigações concluíram que as crianças ingeriram chumbinho, o que causou a morte.

Ana Luiza de Oliveira Neves – bolo de pote

Veneno utilizado: chumbinho

Em junho de 2025, Ana Luiza de Oliveira Neves, de 17 anos, morreu envenenada por uma amiga, que havia enviado um bolo de pote contaminado de forma anônima.

O alimento foi enviado até a casa da vítima, como um “presente”. Junto à entrega, um bilhete sem identificação fazia elogios à Ana Luiza. Ela começou a passar mal pouco depois de ingerir o bolo e não resistiu. As investigações concluíram que a culpada foi uma amiga da vítima, que queria “dar um susto” na jovem por motivos de ciúmes.