ROMA, 27 MAI (ANSA) – A morte misteriosa do marido da eurodeputada italiana Francesca Donato no último fim de semana, na região de Palermo, provocou especulações em todo o país sobre um possível suicídio.   

Angelo Onorato, um arquiteto de 56 anos que também dirigia uma loja de móveis, foi encontrado morto em seu veículo SUV com uma braçadeira no pescoço no sábado (25), no sul da Itália.   

O corpo foi localizado por Donato e pela filha do casal, que negam que Onorato tenha se matado e suspeitam de um homicídio.   

As duas, preocupadas com o fato de o familiar, que havia saído para um compromisso, não ter voltado para casa, localizaram-no pelo celular e encontraram seu veículo estacionado na beira da Via Minutilla, uma estrada bastante movimentada. “O meu marido não tirou a própria vida”, reiterou a eurodeputada.   

O advogado da família, Vincenzo Lo Re, fala de “considerações objetivas e subjetivas que levam a família a excluir que tenha sido suicídio”. “Estamos convencidos de que o Ministério Público de Palermo chegará às mesmas conclusões”, enfatizou.   

A polícia abriu uma investigação para apurar o caso e ouvirá mãe e filha nos próximos dias. Além disso, analisam uma carta que Donato e o consultor fiscal do marido entregaram às autoridades.   

No documento dirigida à esposa, Onorato teria escrito que, se algo lhe acontecesse, a mulher teria que contatar o advogado que tivesse conhecimento de sua situação. No entanto, não há menção a problemas financeiros ou atritos com alguém.   

As investigações apuraram que o empresário, que teve de cobrar algumas dívidas, tinha uma série de empregos que lhe foram confiados, e não apresentava problemas econômicos. Na carta, o homem aborda questões pessoais, reiterando seu carinho para com a família.   

Para a polícia, o texto não seria, portanto, decisivo para a compreensão de quaisquer motivos de desconforto que o tivessem levado ao suicídio.   

Investigações preliminares alegam que algumas circunstâncias sugerem suicídio, além da ausência de indícios de violência no corpo do arquiteto ou de luta provável em caso de atentado.   

Imagens de segurança do local onde o carro foi encontrado estão em análises, apesar de o veículo ter sido estacionado em um ponto cego entre duas câmeras de vídeo. Algumas gravações deixam claro que nenhum veículo parou próximo a Range Rover do italiano, porque todos os carros “filmados” passaram em horário incompatível.   

Desta forma, a tese de suicídio tem sido sustentada, salvo a hipótese de um suposto assassino ter se afastado escalando o muro, com cerca de dois metros de altura à margem da rodovia, para evitar ser filmado. Uma autópsia do corpo de Onorato deve ser realizada na Policlínica de Palermo.   

Nesta segunda, a eurodeputada fez um apelo às pessoas e aos meios de comunicação para que parem de especular sobre a misteriosa morte do seu marido.   

“Estou passando pelos momentos mais difíceis e devastadores da minha vida. A dor é inimaginável. Peço a todos que evitem especular sobre a causa da morte do meu marido. As investigações estão em andamento, vamos deixar a polícia trabalhar”, escreveu Donato na rede social X (antigo Twitter).   

Por fim, ela agradeceu “a todos aqueles que tiveram palavras de carinho para o meu querido Angelo e demonstraram proximidade e solidariedade à minha família nestes momentos terríveis”. “Foram tantos e cada um é precioso para mim”.   

Donato foi eleita para o Parlamento Europeu em 2019 como candidata pelo partido de direita Liga, do vice-premiê Matteo Salvini, mas posteriormente deixou a sigla e, no ano passado, juntou-se ao grupo Nova Democracia Cristã. (ANSA).