O rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, morreu nesta quinta-feira, após mais de 70 anos de reinado, o monarca mais longevo no trono, mergulhando o país asiático na tristeza, enquanto seu filho pedia tempo antes de ser proclamado novo soberano.

“Morreu placidamente no hospital de Siriraj”, informou o palácio real em um comunicado. Tinha 88 anos.

O chefe da junta militar, o general Prayut Chan-O-Cha, anunciou que o príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn sucederá seu falecido pai, embora tenha explicado que ele pediu tempo antes de ser proclamado rei.

“Fui recebido em audiência real pelo príncipe herdeiro. Ele pediu tempo para se preparar antes de ser proclamado rei”, declarou o chefe da junta militar, convocando a população a “um luto de um ano”.

“O príncipe confirmou que está consciente de sua responsabilidade como herdeiro, uma vez chegue o momento adequado”, explicou o general em um discurso transmitido pela televisão a todo o país.

Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou nesta quinta-feira suas condolências à Tailândia, e disse que o monarca falecido era um amigo e sócio dos Estados Unidos.

No centro médico onde o rei estava internado, centenas de pessoas se reuniram, abaladas e chorando, para rezar pelo monarca.

Embora não tivesse poderes políticos, o rei conservou nesta sociedade budista uma imagem tutelar e protetora de seus súditos.

Os tailandeses o consideravam a única base de uma nação muito dividida.

Bhumibol Adulyadej chegou ao trono em 1946, após a morte inexplicada de seu irmão, e muitos tailandeses nunca conheceram outro soberano.

O rei – hospitalizado de forma quase ininterrupta há dois anos – foi tratado recentemente por uma infecção pulmonar, problemas cardíacos e hidrocefalia, e não havia voltado a aparecer em público há quase um ano.

O príncipe Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, é menos conhecido e venerado por seus compatriotas que seu pai, e até agora vivia a maior parte do tempo na Alemanha. Foi designado para suceder seu pai em 1972.

De formação militar, sobretudo na Academia de Duntroon, na Austrália, tem uma patente honorífica de general nas forças armadas e nos últimos anos substituiu com frequência seu pai em cerimônias oficiais, embora raramente tenha tomado a palavra.

– Status de semideus –

Bhumibol Adulyadej tinha um statos de semideus na Tailândia há décadas. Seus retratos estão onipresentes em todo o país e o culto à personalidade do rei se reforçou ainda mais desde o golpe de Estado militar de 22 de maio de 2014.

Nesta sociedade budista, o rei conservou sua imagem tutelar e protetora de seus súditos.

O rei, a rainha, o herdeiro e o regente estão protegidos por uma lei que reprime os crimes de lesa majestade, uma das mais severas do mundo. Desde a chegada ao poder da junta, as demandas se multiplicaram e as condenações se endureceram.

A última década de seu reinado foi marcada por uma grande instabilidade política, com dois grupos se enfrentando: as elites ultramonárquicas (identificadas como os ‘amarelos’) e os partidários do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra (os ‘vermelhos’).

O último de uma longa série de golpes de Estado foi realizado em nome da salvaguarda da monarquia por forças armadas preocupadas em blindar o cenário político diante da aproximação da sucessão.

A consultoria BMI Research advertiu nesta semana em uma nota aos seus clientes sobre o impacto econômico que “um longo período de luto” de várias semanas na Tailândia poderia ter.