O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, que sofria de problemas de saúde, morreu aos 72 anos, anunciou a agência nesta segunda-feira.

“O secretariado da AIEA lamenta informar com profunda tristeza o falecimento do seu diretor-geral Yukiya Amano”, anunciou em um comunicado a agência da ONU, que não forneceu detalhes sobre as circunstâncias de sua morte.

O diplomata japonês dirigia há dez anos a agência atômica, responsável em particular pelo monitoramento dos compromissos do Irã sob o acordo nuclear de 2015.

Abbas Araghchi, vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, foi um dos primeiros líderes internacionais a prestar uma homenagem às “competências profissionais” e à “habilidade” de Yukiya Amano.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse “admirar sua sabedoria e visão” e sua “capacidade de tomar decisões esclarecidas nas circunstâncias mais difíceis”.

Para a missão diplomática americana na AIEA, Yukiya Amano era “muito respeitado como líder e um diplomata eficaz”.

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Amano estava completando seu terceiro mandato, que terminaria em novembro de 2021, mas deveria anunciar sua saída antecipada em março de 2020 por motivos de saúde.

Na carta que ele deveria enviar aos representantes da AIEA para anunciar sua partida, o diplomata saudou os “resultados concretos” alcançados durante seu mandato “para alcançar o objetivo ‘o átomo para a paz e o desenvolvimento'”, e se disse “muito orgulhoso das realizações” da agência, de acordo com o comunicado da AIEA.

A agência, com sede em Viena, terá que organizar sua sucessão enquanto se vê envolvida no monitoramento do programa nuclear iraniano, num contexto de crescentes tensões entre Teerã e Washington.

Em resposta à retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015, Teerã começou no início de julho a abandonar certas obrigações relativas ao seu programa nuclear. A AIEA, cujos especialistas monitoram as atividades nucleares do Irã, confirmou que o país ultrapassou vários tetos autorizados.

O Irã espera assim forças as partes que seguem no acordo – França, Alemanha, Grã-Bretanga, China e Rússia – a ajudá-lo a contornar as sanções americanas restabelecidas pelo presidente Donald Trump e que estrangulam a sua economia.

Teerã ameaçou abandonar novos compromissos do acordo a cada 60 dias, sem excluir uma saída do pacto de Viena e do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Sob o Protocolo Adicional do TNP, o Irã aceitou que inspetores da AIEA controlassem todas as suas atividades nucleares, multiplicando visitas de campo surpresas e por meio de imagens de câmeras de vigilância.

Yukiya Amano apontou que este regime de verificação era o mais rígido do mundo.

A nomeação do chefe da AIEA é decidida pelos 35 Estados membros do conselho de governadores da agência, incluindo os países mais avançados em tecnologia nuclear.

Eleito pela primeira vez em 2009 para suceder ao egípcio Mohamed El-Baradei, Amano foi reconduzido em novembro de 2017 para um novo mandato de quatro anos.

Entre os favoritos para suceder ao diplomata japonês estão o romeno Cornel Feruta, colaborador próximo de Yukiya Amano no cargo de coordenador-chefe do escritório do diretor-geral, e Rafael Grossi, embaixador argentino na AIEA.


Questionado pela AFP sobre o risco de politização da nomeação do sucessor de Yukiya Amano, Mark Hibbs, pesquisador associado do programa de política nuclear do Centro Carnegie, acredita que a AIEA “desejará limitar o risco de que a eleição se aventure em áreas políticas” para manter o foco em suas missões técnicas.

A AIEA, que reúne 171 Estados, desempenha um papel central na luta contra a proliferação nuclear ao verificar se os países do Tratado de Não-Proliferação respeitam seus compromissos nessa área.


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