Morre Richard Leakey, queniano que achou primeiros hominídeos

ROMA, 3 JAN (ANSA) – O famoso paleontólogo Richard Leakey, 77 anos, faleceu neste domingo (2), informou o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta. O queniano foi fundamental para que o mundo entendesse melhor as origens da humanidade e foi o responsável por encontrar os restos mortais dos primeiros hominídeos conhecidos até hoje.   

“Recebi com profunda tristeza, ao meio-dia, a notícia do falecimento do doutor Richard Erksine Frere Leakey, ex-responsável pelo Serviço Público do Quênia”, informou o mandatário em nota oficial.   

A causa da morte não foi divulgada, mas Leakey vinha sofrendo com diversos problemas de saúde ao longo dos últimos anos.   

A Leakey Foundation usou as redes sociais para lamentar a perda e dizer que o paleontólogo “era um grande visionário” e que suas descobertas e sua luta para preservar a fauna selvagem “nunca serão esquecidas”.   

Nascido em Nairóbi em 19 de dezembro de 1944, Leakey teve contato com as descobertas arqueológicas desde pequeno, já que seus pais, Louis e Mary, também eram paleontólogos. Mesmo sem formação acadêmica completa, nos anos 1970, recebeu uma bolsa para escavar o lago Turkana.   

Lá, suas equipes fizeram duas descobertas revolucionárias para a época: em 1972, encontraram os primeiros crânios de Homo habilis, com cerca de 1,9 milhão de anos; três anos depois, localizaram crânios do Homo erectus (1,6 milhão de anos).   

Mas, a maior descoberta ocorreu em 1984, quando encontrou um inédito esqueleto quase completo do Homo erectus, que ficou conhecido como o “menino de Turkana”. Com 1,5 milhão de anos, até hoje, é o mais completo exemplar da espécie já encontrado.   

Foi de Leakey também a teoria de que os primeiros humanos vieram do continente africano, algo inédito para a época.   

Além das descobertas arqueológicas, o queniano foi fundamental para criminalizar o comércio de marfim, que era uma prática comum até o fim da década de 1980. Em 1989, inclusive, ele foi nomeado pelo presidente Daniel arap Moi como o chefe da Agência Nacional para a Fauna Selvagem, que, mais tarde, se tornou o Kenya Wildlife Service (KWS). (ANSA).