O renomado escritor chileno Nicanor Parra, criador da antipoesia e prêmio Cervantes em 2011, morreu aos 103 anos, informou nesta terça-feira, 23, o ministro da Cultura Ernesto Ottone.

Considerado um dos poetas mais influentes do século 20, Parra faleceu esta madrugada em sua casa em Las Cruces, no litoral central chileno, por problemas de saúde não informados, indicou o ministro Ottone.

Em mais de um século de vida, revolucionou a poesia hispano-americana, conquistando especialmente as novas gerações.

Publicou em 1937 seu primeiro livro, Cancionero Sin Nombre, mas foram precisos 17 anos para lançar sua segunda e mais importante obra: Poemas e Antipoemas (1954), o detonador da “antipoética”, a escrita irreverente, mundana e ao mesmo tempo simples que caracterizou seu trabalho.

Com este livro, Parra se revelou contra a poesia tradicional chilena, rígida e séria, segundo seu ponto de vista, e introduziu a ironia e o léxico simples para tratar de temas cotidianos.

Nascido em uma família humilde de San Fabián de Alico (Chillán, sul do Chile), irmão de oito e filho da cantora Violeta Parra, Nicanor destacava-se na área das ciências, mas sua vocação sempre foi a literatura.

Parra, que conquistou o prêmio Cervantes em 2011, manteve uma ambígua relação com o poder e fugiu da poesia ideologizada.

Durante a Guerra Fria, apesar de ser considerado de esquerda, surpreendeu quando aceitou um convite para tomar chá com a esposa do ex-presidente americano Richard Nixon. Sua ousadia fez com que fosse vetado da Feira do Livro de Havana e repudiado pelos comunistas, afastando-o do poeta Nobel de Literatura chileno Pablo Neruda.

Até pouco antes de falecer, continuava ativo, escrevendo diariamente em sua residência, com vista para o Oceano Pacífico.