Morre na Alemanha uma das prováveis últimas condenadas por crimes nazistas

Uma das prováveis últimas condenadas por crimes nazistas da Alemanha, uma ex-secretária do campo de concentração que recebeu uma pena de dois anos de prisão condicional, morreu aos 99 anos, anunciou o tribunal onde ela foi julgada nesta segunda-feira (7).

Seu processo, iniciado em setembro de 2021, teve muita divulgação nos meios de comunicação não apenas pela forma como foi iniciado, com a fuga da acusada, mas também porque os arquivos de crimes nazistas investigados na Alemanha estão cada vez mais escassos.

Acusada de cumplicidade nos assassinatos de mais de 10.000 pessoas no campo de Stutthof, na atual Polônia, perto de Gdansk (Dantzing na época), Irmgard Furchner foi condenada no final de dezembro de 2022 pelo tribunal de Itzehoe (norte) a dois anos de prisão condicional, veredicto confirmado em recurso em agosto de 2024.

Furchner, de entre 18 e 19 anos de idade quando os fatos ocorreram entre 1943 e 1945, era datilógrafa e secretária de Paul Werner Hoppe, comandante do campo de Stutthof onde morreram 65.000 pessoas, em sua maioria judeus, resistentes poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos.

Foi julgada ante uma Corte especial para jovens por causa de sua idade quando os fatos ocorreram.

A pena simbólica de dois de prisão condicional se deu devido “à função hierárquica subordinada e à capacidade de resistência reduzida da acusada à doutrinação” da época.

Sem tomar a palavra durante seu processo e sem reconhecer a culpa, Irmgard Furchner declarou nas últimas audiências que lamentava “tudo o que aconteceu” e “ter estado em Stutthof naquele momento”.

No primeiro dia do processo, ela se apresentou ao tribunal, mas depois fugiu do lar para idosos onde vivia. Foi encontrada horas mais tarde.

Vários julgamentos de ex-funcionários de campos de concentração nazistas foram registrados nos últimos anos na Alemanha, desde a condenação em 2011 do ex-guarda do campo de extermínio de Sobibor, John Demjanjuk.

Mas devido à elevada idade dos acusados, muitos julgamentos não puderam ser realizados por problemas de saúde ou pela morte dos processados antes de serem presos.

Em junho de 2024, o tribunal de Hanau, perto de Frankfurt, rejeitou o comparecimento de um ex-vigia do campo de Sachsenhausen, de 99 anos, considerado incapaz de participar do seu processo por razões de saúde.

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