Morre Mino Carta, um dos fundadores da IstoÉ, aos 91 anos

Mino Carta
Mino Carta, morto aos 91 anos, foi o primeiro diretor de redação da IstoÉ Foto: Reprodução

O jornalista Mino Carta morreu aos 91 anos no início desta terça-feira, 2, após duas semanas de internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Sírio-Libanes, em São Paulo. A informação foi confirmada pela revista Carta Capital, que dirigiu até o final da vida.

Imigrante italiano, Carta teve uma trajetória de mais de 60 anos na imprensa brasileira e participou da criação das três maiores revistas semanais do país.

No início da década de 1960, dirigiu a equipe inaugural da Quatro Rodas, especializada no mercado automotivo. Passou pelo jornal O Estado de S. Paulo e retornou ao grupo Abril para fundar a revista Veja, em 1968, liderando um projeto pioneiro de revista semanal de notícias no país, inspirado em referências americanas.

Ao lado de Domingo Alzugaray, Fabrizio Fasano e Luiz Carta, em 1976, fundou e foi o primeiro diretor de redação da IstoÉ, onde trabalhou até 1981. Sob sua direção, a revista usou brechas na censura imposta pelo regime militar, que relutantemente se abria, ao publicar reportagens que marcaram o debate público. Com o próprio Carta, foi o primeiro veículo de circulação nacional a entrevistar o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, que viria a presidir o país em três oportunidades, no ano de 1978.

O jornalista voltaria à direção da revista entre 1988 e 1993. No período, a IstoÉ publicou, na capa, a denúncia do motorista Eriberto França, que relatou como as contas do então presidente Fernando Collor eram pagas por empresas de fachada de Paulo César Farias, protagonista do escândalo que provocou o impeachment do mandatário, o primeiro da história democrática brasileira.

Morre Mino Carta, um dos fundadores da IstoÉ, aos 91 anos

Em 1993, IstoÉ revelou as relações obscuras do então ministro da Economia, Elizeu Rezende, com uma grande empreiteira, o que provocou sua demissão. Para o seu lugar, Itamar Franco convocou Fernando Henrique Cardoso, responsável pela implantação do Plano Real e futuro presidente da República por dois mandatos.

Depois de deixar a redação da IstoÉ, formou uma equipe própria e lançou a Carta Capital, em agosto de 1994, primeira revista de alcance nacional a concorrer com as duas dominantes.

Em três décadas, o veículo se tornou o principal de orientação assumidamente progressista do país e tomou a frente em posição crítica à Lava Jato, antes do STF (Supremo Tribunal Federal) reconhecer irregularidades nos ritos da operação e anular centenas de processos. Desde 2024, o jornalista enfrentava problemas de saúde que o fizeram passar por diversas internações, mas manteve atuação na Carta Capital até o final da vida.