Morre Mino Carta, jornalista italiano que fez história no Brasil

SÃO PAULO, 2 SET (ANSA) – Morreu na manhã desta terça-feira (2), em São Paulo, o jornalista italiano Mino Carta. Ele tinha 91 anos e é conhecido por ter fundado a revista Carta Capital em 1994, além de ter trabalhado na sede brasileira da agência de notícias italiana ANSA e ter colaborado na criação de veículos semanais como Quatro Rodas, Veja e IstoÉ.   

Carta, que enfrentava problemas de saúde, faleceu no hospital Sírio-Libanês, onde estava internado na UTI há dias semanas. Não foram revelados detalhes sobre o seu quadro e nem a causa do óbito.   

Nascido em Gênova, na Ligúria, norte da Itália, em uma data incerta entre 6 de setembro de 1933 e 6 de fevereiro de 1934, ele chegou ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial.   

Carta integrava a terceira geração de jornalistas de sua família, uma tradição que começou com seu avô materno, Luigi Becherucci, editor do jornal genovês Caffaro, até perder o cargo devido à perseguição fascista.   

Ele começou no jornalismo em 1950, ao cobrir a Copa do Mundo como correspondente do jornal Il Messagero, de Roma. No país, trabalhou na ANSA e foi fundador das revistas Quatro Rodas, em 1960, e da Carta Capital, em 1994. Também fundou e dirigiu a edição do caderno de esportes de O Estado de S. Paulo, entre 1964 e 1965. Foi diretor dos semanais Veja e IstoÉ.   

Carta foi casado com Maria Angélica Pressoto, que morreu em 1996. Seu filho Gianni Carta, também jornalista, faleceu em 2019, vítima de câncer. Ele deixa uma filha, Manuela Carta.   

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, decretou luto oficial de três dias em todo o país.   

“Recebi com muita tristeza a notícia da morte de meu amigo Mino Carta”, disse Lula no X, contando que eles se conheceram há quase 50 anos, “quando ele, pela primeira vez, deu destaque nas revistas semanais para as lutas que nós, trabalhadores reunidos no movimento sindical, estávamos fazendo por melhores condições de vida, por justiça social e democracia”.   

“Foi ele quem abriu espaço para minha primeira capa de revista, na IstoÉ, em 1978. Desde então, nossas trajetórias seguiram se cruzando. Eu, como liderança política, ele, como um jornalista que, sem abdicar de sua independência, soube registrar as mudanças do Brasil. Vivemos juntos a redemocratização, as Diretas Já, as eleições presidenciais e as grandes transformações sociais das últimas décadas”, acrescentou o presidente. (ANSA).