Denise Fraga, 60 anos, anunciou a morte de sua mãe, Wilma Fraga, na última quarta-feira, 8, aos 83 anos. Ela sofria de enfisema pulmonar, doença crônica e degenerativa, que afeta os pulmões, e estava em tratamento paliativo. Wilma era professora e deixou mais um filho, Ricardo, um ano mais velho que Denise.
Em homenagem à genitora, a artista fez uma postagem emocionante no Instagram, na quinta-feira, 9.
“- Que que vai fazer te fazer feliz? Pensa. – Risole de camarão! Encomendei os risoles e umas cervejas. – Quer um copinho? E os olhinhos brilharam de novo. Nos últimos tempos, fiz tudo por esses instantes de brilho.”
“No último ano, minha mãe foi internada oito vezes. Me despedi dela achando que não teria dia seguinte por quatro delas. Fênix exuberante, guerreira incansável, sempre surpreendente e rebelde, quase me fez acreditar na sua imortalidade”.
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“Depois de tudo que me ensinou na vida, aprendi também com ela que viver o processo da morte de alguém pode conter muita vida. E, ainda, beleza. Não sabia que tinha nome: cuidados paliativos. Palio é aquele manto que é colocado sobre as costas dos cavaleiros que chegam da batalha. Daí vem. É o conforto na reta final. E, porque não dizer, prêmio por ter lutado. É possível ainda se despedir de prazeres, ver coisas bonitas, sentir gostos e cheiros, pensar no que se fez, abrir conversas que nunca se teve, inventariar memórias, pedir pra ela contar de novo aquela história engraçada e rir junto, apesar do fim.”
“Agradeço a lucidez da minha mãe até o final, que nos fez viver esses momentos juntas. Agradeço ao @dr.raphaelcruz que me ensinou o que são os tais cuidados paliativos e que cuidou dela para além do seu ofício. Agradeço a @anaclauquintanaarantes que escreveu um livro lindo e importante, que tanto me ajudou nesses dias e que me ajudará pra sempre: A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver.”
“Agradeço a todas as pessoas que cuidaram da minha mãe, seus filhos emprestados, minha família e todas as pessoas que se empenharam em retribuir a energia e alegria que ela espalhava por onde quer que passasse.”
“Nessa reta final, minha mãe teve alguns pequenos e preciosos delírios. Em um deles, pediu que escrevessem em seus braços em agradecimento às pessoas. Não fizemos exatamente isso, mas a imagem dessa mulher enterrada com a gratidão escrita à caneta nos braços estará pra sempre gravada na minha memória. Era mesmo agradecida à vida que teve, a ter escolhido a intensidade, a coragem, a alta voltagem, o fascínio pela existência.”
“Hoje é o dia seguinte, o dia do vazio, da inflamação da amputação. Me dei conta de uma coisa muito simples que ontem, na agitação da hora, e por estar preocupada em narrar incessantemente os feitos absurdos da Fênix, realmente não dei: vou sentir muita, muita saudade dela.”
“Quando disse isso a ela numa das despedidas, ela me disse: – Mas aí não vai ter mais distância. Não vai ter mais Rio e São Paulo. Não vai ter mais mundo. Não vai ter mais distância pro nosso amor.”
“Não vai mesmo. Sinto que, aos poucos, a falta dela vai virar completude minha. A mulher da minha vida vai estar amalgamada em mim.”
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