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O cantor Lindomar Castilho, famoso na década de 1970 por hits como “Você é doida demais” e “Eu vou rifar meu coração”, morreu na sexta-feira, 19. A informação foi confirmada em uma postagem feita nas redes sociais por sua filha, a coreógrafa e diretora teatral Lili De Grammont.
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O sucesso de Castilho foi interrompido por um crime trágico cometido pelo próprio. Em 1981, ele assassinou sua segunda esposa e mãe de Lili, a cantora Eliane de Grammon. O caso ganhou ainda mais repercussão pois o cantor atirou na ex-esposa enquanto ela se apresentava no palco de uma boate de São Paulo.
Em sua postagem, a filha de Lindomar Castilho fez referência ao crime do pai. “Ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”, escreveu.
“Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução”, refletiu Lili De Grammont. “Desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada.”
Lili De Grammont publicou ainda um convite para quem quer se despedir do pai. O velório ocorre na tarde deste sábado, 20, em São Paulo. Na imagem, foi usado o nome de batismo ao invés do artístico: Lindomar Cabral.
Lindomar Castilho: de ícone romântico a assassino
Nascido em 1940 na cidade de Rio Verde, em Goiás, Lindomar Castilho lançou seu primeiro álbum em 1962, intitulado “Canções Que Não Se Esquecem”. Ao longo dos anos seguintes, construiu uma carreira de grande sucesso ao gravar músicas sobre relacionamentos amorosos turbulentos, incluindo boleros e sambas-canções.
Era quinze anos mais velho do que Elaine De Grammont quando se casou com ela em 1979. O relacionamento, marcado por brigas e ciúmes, terminou com um pedido de divórcio da cantora que não foi bem aceito pelo ex-marido.
O assassinato de Eliane de Grammont ocorreu em São Paulo, três meses após o fim de seu relacionamento. No dia 30 de março de 1981, durante um show no bairro da Bela Vista, a artista foi executada com cinco tiros pelas costas e não sobreviveu aos ferimentos.
Lindomar Castilho tentou alegar “legítima defesa da honr”, tese atualmente abolida do judiciário que justificava o feminicídio como forma de defender a moral masculina. Após um longo julgamento, foi condenado a 12 anos de prisão em 1984. Saiu da cadeia no começo da década de 1990. Em 2000, tentou voltar ao trabalho artístico com o lançamento do álbum “Ao Vivo”, em meio a uma explosão do brega e do forró no país, mas não obteve sucesso.
As gerações mais jovens conhecem-no, sobretudo, pela música “Você é doida demais”, que foi trilha sonora de abertura da série “Os Normais”, e “Tapas e Beijos”, regravada pela dupla sertaneja Leandro e Leonardo.