O juiz federal Claudio Bonadio, que levantou vários processos contra a vice-presidente Cristina Kirchner e ex-funcionários de seu governo quando ela era presidente, morreu nesta terça-feira (4) aos 64 anos, informaram familiares.
“Nos últimos anos trabalhou muito, trabalhamos juntos por 20 anos”, afirmou Monica, sua secretária, ao confirmar ao canal TN a morte que ocorreu na casa onde o magistrado vivia na capital argentina.
Bonadio havia sido operado na cabeça no ano passado e havia acabado de solicitar uma prorrogação de sua licença até 1º de março. As causas da morte ainda não foram informadas.
O magistrado abriu vários processos contra Kirchner e foi o primeiro juiz a levá-la aos tribunais.
Entre seus casos mais relevantes, liderou a investigação do chamado “escândalo dos cadernos”, que investigou uma rede de subornos que envolvia empresários e ex-funcionários do governo de Cristina Kirchner (2007-2015). Em dezembro passado, dias antes de assumir, a vice-presidente testemunhou no âmbito deste caso.
Sem sucesso, a ex-presidente tentou afastar Bonadio, por meio do Conselho da Magistratura, onde o juiz acumulou cerca de 50 denúncias por mau desempenho e parcialidade.
A aliança do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos pela Mudança, divulgou um comunicado lamentando a morte do juiz. “É uma enorme perda para a Justiça”, afirmou a deputada Graciela Ocaña.
Bonadio estava à frente de outros casos importantes, como a investigação do ataque à judaica AMIA ocorrida em 1994, o pior ataque ocorrido na Argentina. Neste episódio, 85 pessoas morreram, e cerca de 300 ficaram feridas.
Neste caso, foi expulso pela Câmara Federal, que o criticou por falta de imparcialidade.
Ele chegou à Justiça com a nomeação do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), depois de ter servido como secretário adjunto de Assuntos Jurídicos e Técnicos do então chefe de gabinete, Carlos Corach, durante o menemismo.
Kirchner o chamou de “juiz atirador” em referência a um assalto sofrido pelo magistrado em 2001, no qual atirou em dois ladrões na rua.
Bonadio a processou pelo menos cinco vezes, abriu dezenas de inquéritos e emitiu várias vezes a detenção preventiva que nunca foi efetiva. Desde 2007, Kirchner goza de foro privilegiado: primeiro, como presidente; depois, como senadora; e, agora, como vice-presidente da Nação.