O general Gregorio “Goyo” Álvarez, que governou o Uruguai durante a ditadura militar, entre 1981 e 1984, faleceu por problemas cardíacos, aos 91 anos, na madrugada desta quarta-feira (28) – informou uma fonte oficial.

Detido há dez anos, Álvarez morreu no Hospital Militar de Montevidéu, onde foi internado em meados de dezembro por problemas pulmonares.

“O falecimento ocorreu às três da manhã” de quarta-feira, disse à AFP uma fonte do Ministério da Defesa.

Será realizado “um velório privado no (cemitério) parque Martinelli”, nos arredores de Montevidéu, comentou outra fonte do ministério.

Álvarez teve um papel-chave no golpe militar de 1973 e durante o regime militar que se instalou até 1984.

O ex-ditador, que sofria de demência senil, cumpria uma sentença de 25 anos de prisão, após ser condenado em 2009 pelo desaparecimento de 40 pessoas transferidas da Argentina durante seu mandato à frente do Exército.

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Após o anúncio da morte de Álvarez, vítimas da ditadura e defensores dos direitos humanos lembraram as dezenas de desaparecidos, torturados e assassinados durante o regime.

“A primeira coisa em que pensei foi que ele morreu com o segredo de todos os que assassinou e fez desaparecer”, disse à AFP Beatriz Benzano, que faz parte de um grupo de ex-presas da ditadura que denunciaram, em 2010, ter sofrido abusos sexuais durante suas detenções.

Para Benzano, ex-integrante da guerrilha urbana Tupamaros, da qual também participava o agora ex-presidente José Mujica, o ex-ditador “não teve uma sanção adequada”, por considerar que esteve preso “com todos os benefícios, conservando seu cargo de general”.

Parte demandante no julgamento de Álvarez, o advogado Oscar López Goldaracena disse ao canal 10 que queria “recordar todas as vítimas” da ditadura e que, “com todo o respeito, um estuprador, um assassino, um torturador (…) não se redime com a morte”.


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