Um dos mais renomados fotojornalistas do Brasil faleceu às 3h30 da madrugada desta sexta-feira (11), num hospital no Distrito Federal. Orlando Brito tinha 72 anos e não resistiu às complicações de uma cirurgia.

Brito tinha meio século de trajetória e fotografou no Palácio mais de 10 presidentes da República, e reconhecido e respeitado por todos eles e pelos profissionais de imprensa. Registrou os momentos marcantes da política nacional – na Esplanada e no Congresso Nacional – nos últimos 50 anos, e rodou o Brasil capturando cenários e brasileiros protagonistas do cotidiano simples, o que rendeu livros.

Ele estava internado há 40 dias no Hospital Regional de Taguatinga, onde fez cirurgia no intestino para a retirada de um tumor, mas não resistiu e teve falência múltipla dos órgãos constatada nesta noite.

O fotógrafo tem amigos pelo mundo e uma carreira invejável. Desde os anos 70, viajou para dezenas de países, cobrindo também Copas da FIFA e Jogos Olímpicos. Tem prêmios nacionais e internacional – como o World Press Photo de Notícias Locais. Ultimamente, trabalhava na agência de imagens que criou e gostava de fazer seu podcast o canal que leva seu nome no Spotify.

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O Brasil perdeu um de seus grandes intérpretes. Nos últimos 50 anos, as lentes de Orlando Brito leram e registraram os mais importantes fatos da história nacional. A todos eles o maior fotógrafo de toda a vida da capital brasileira emprestou sua sensibilidade e deu tradução. Suas imagens mostraram a realidade com uma beleza estética e poética incomparável. O próprio Brito dizia que não sabia olhar para nada sem usar a percepção da fotografia. Com o coração pesaroso, posso dizer que a história do nosso país ficou mais pobre pois do presente e do futuro os registros não terão mais a mesma argúcia do experiente observador. Tive a honra de merecer a sua amizade e a intuição correta por ter comprado o acervo fotográfico de Orlando Brito, em nome da Fundação Ulysses Guimarães. Partiu o querido Brito e dele todos nós guardamos muito mais que uma fotografia. Sua dimensão humana e profissional só pode ser guardada na memória de cada coração que o conheceu. Sim, porque Orlando Brito, ele e seu legado, são a prova de que há unanimidade inteligente.