A ex-primeira-dama peruana Susana Higuchi, figura-chave na carreira política de seu ex-marido, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), morreu nesta quarta-feira (8) em Lima por causa de um câncer, informou a família no Twitter.

“Depois de uma luta difícil contra o câncer, nossa mãe, Susana Higuchi, acaba de partir ao encontro de Deus”, anunciou sua filha e líder opositora, Keiko Fujimori.

Susana Higuchi, filha de imigrantes japoneses, tinha 71 anos e estava internada há um mês em estado grave.

Ela teve quatro filhos com Alberto Fujimori, de quem financiou a campanha política em 1990 quando era desconhecido e ninguém dava um centavo pela sua candidatura presidencial contra o então favorito, o escritor Mario Vargas Llosa.

O destino transformou esta engenheira de profissão em congressista e depois em uma das maiores críticas ao governo de Alberto Fujimori, a quem acusou de violência doméstica e corrupção.

Em 1994, protagonizou um dos episódios mais intensos da política peruana, quando, sendo primeira-dama, denunciou na imprensa que foi sequestrada e torturada pelo seu marido, o que abalou sua saúde mental.

Naquele ano, teve um divórcio de novela e sua filha, Keiko, então com 19 anos, a substituiu no papel de primeira-dama.

Segundo relatou ao Congresso do Peru, ela foi torturada depois de denunciar, em 1992, irmãos e familiares do então presidente Fujimori por comercializar doações procedentes do Japão destinadas a pessoas pobres.

Em 1995, Higuchi tentou desafiar Fujimori nas urnas, mas seu astuto ex-marido aprovou uma lei que proibia familiares próximos de se apresentarem como candidatos para sucedê-lo, o que a expulsou da corrida presidencial.

Depois, seguiu uma breve carreira política porque se tornou popular e foi congressista por um partido antifujimorista entre 2001 e 2006, o que a distanciou de parte de sua família.

A reconciliação familiar marcou seus últimos anos, inclusive com o apoio da candidatura presidencial de sua filha Keiko Fujimori em 2016 e 2021.

“Esteve rodeada de amor de nós, seus filhos, e de seus netos até o último momento. Nós a entregamos hoje à Virgem da Imaculada Conceição”, acrescentou Keiko Fujimori no Twitter.

Keiko Fujimori afirmou que as acusações de sua mãe são “lendas”.

O ex-presidente Fujimori, de 83 anos, está atualmente hospitalizado sob vigilância policial com uma doença cardíaca. Desde 2007, cumpre em uma base policial uma sentença de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade cometidos durante seus 10 anos de governo.