ROMA, 11 JAN (ANSA) – Morreu nesta terça-feira (11), aos 65 anos de idade, o político e jornalista italiano David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu desde 2019.   

Ele estava internado desde o dia 26 de dezembro em um hospital oncológico de Aviano, no centro da Itália, notícia que só veio a público na última segunda-feira (10).   

A hospitalização foi causada por uma “disfunção do sistema imunológico”, e Sassoli já havia passado uma semana internado em setembro devido a uma pneumonia.   

“O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, faleceu à 1h15 [horário local] de 11 de janeiro, no Centro de Referência Oncológica de Aviano, onde estava internado”, anunciou seu porta-voz, Roberto Cuillo, na madrugada desta terça.   

Nascido em 30 de maio de 1956, em Florença, Sassoli foi criado em Roma e, antes de entrar para a política, trabalhou como jornalista por mais de duas décadas e foi apresentador do TG1, principal telejornal da emissora pública Rai e da TV italiana.   

Sassoli deixou o canal em 2009 para se candidatar ao Parlamento Europeu pelo Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e foi eleito com 412 mil votos. Em 2013, tentou disputar a Prefeitura de Roma, mas acabou perdendo as primárias do PD para Ignazio Marino, que venceria as eleições.   

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Depois disso, decidiu se concentrar na UE e foi reeleito para o Europarlamento tanto em 2014 como em 2019. Após liderar a delegação do PD entre 2009 e 2014, foi vice-presidente do Parlamento do bloco de 2014 a 2019, quando venceu a disputa para comandar o Legislativo europeu, sucedendo o também italiano Antonio Tajani.   

Em seu discurso de posse, em 3 de julho de 2019, fez uma apaixonada defesa dos direitos humanos e da liberdade na Europa.   

“Precisamos ter a força de relançar nosso processo de integração, mudando nossa união para torná-la capaz de responder de modo mais forte às exigências de nossos cidadãos”, disse Sassoli na ocasião.   

“A defesa e a promoção de nossos valores fundadores de liberdade, dignidade e solidariedade devem ser buscadas todos os dias dentro e fora da UE”, acrescentou, fazendo também uma crítica a governos de tendência autoritária dentro do bloco.   

“Que fique claro a todos que, na Europa, nenhum governo pode matar, que o valor da pessoa e da sua dignidade são o nosso modo de medir as nossas políticas. Que aqui ninguém possa calar opositores, que nossos governos e as instituições europeias sejam o fruto da democracia e de eleições livres”, afirmou.   

Além disso, ele defendia o acolhimento de migrantes e refugiados, cobrava reações mais drásticas de Bruxelas contra medidas autoritárias em Estados-membros do leste europeu, como Hungria e Polônia, e era a favor do aumento da integração no bloco.   

Seu mandato terminaria em meados de janeiro, quando o Europarlamento votaria para escolher seu sucessor. Sassoli deixa uma esposa, Alessandra Vittorini, e dois filhos, Livia e Giulio.   

Reações – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “profundamente triste” pela morte de um “grande europeu e italiano”.   

“David Sassoli foi um jornalista apaixonado, um extraordinário presidente do Parlamento Europeu e, sobretudo, um caro amigo.   

Descanse em paz, caro David”, escreveu a alemã no Twitter.   

Já o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que “seu calor humano, sua generosidade e seu sorriso já fazem falta”.   


Todas as instituições europeias estão com bandeiras a meio mastro para homenagear Sassoli.   

Por sua vez, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, declarou que a “morte inesperada e prematura de David Sassoli causa profunda dor”.   

“Sua morte abre um vazio nas fileiras daqueles que acreditaram e construíram uma Europa de paz a serviço dos cidadãos. Seu empenho límpido, constante, apaixonado, contribuiu para tornar a assembleia de Estrasburgo protagonista do debate político em uma fase delicadíssima”, disse.   

O premiê italiano, Mario Draghi, definiu Sassoli como um “homem das instituições, um profundo europeísta, jornalista apaixonado e símbolo de equilíbrio, humanidade e generosidade”. “Essas qualidades sempre foram reconhecidas por todos os colegas, de todos os campos políticos e de todos os países da UE”, ressaltou. (ANSA).   


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