O ator franco-sueco Max von Sydow, que participou em 10 filmes do diretor sueco Ingmar Bergman antes de iniciar uma carreira em Hollywood, morreu aos 90 anos, anunciou sua esposa em um comunicado transmitido nesta segunda-feira por sua agente.
“Ć com o coraĆ§Ć£o partido e com infinita tristeza que anunciamos a partida de Max von Sydow em 8 de marƧo de 2020”, anunciou a produtora Catherine von Sydow, confirmando informaƧƵes da revista francesa Paris Match.
Nascido na SuĆ©cia em 1929, o ator de quase dois metros de altura e olhos azuis penetrantes ficou conhecido por sua colaboraĆ§Ć£o com o cineasta Ingmar Bergman, que o fez jogar uma partida de xadrez contra a Morte em “O SĆ©timo Selo”, filme de 1957.
TambĆ©m participou de “Morangos Silvestres” (1957), “O Rosto” (1958) e “A Hora do Amor” (1971).
A partir do final da dĆ©cada de 1960 deixou as fronteiras da SuĆ©cia e percorreu os quatro cantos do mundo. Encarnou Jesus em “A Maior HistĆ³ria de Todos os Tempos” (1965), ao lado de Charlton Heston, e filmou “HavaĆ” (1966) com Julie Andrews.
Sua carreira hollywodiana foi marcada pelo papel como padre Merrin em “O Exorcista” (1973) de William Friedkin, um enorme sucesso de bilheteria.
E tambĆ©m por vĆ”rios papĆ©is de vilĆ£o, sob a direĆ§Ć£o de David Lynch (“Duna”), Steven Spielberg (“Minority Report – A nova lei”), ou Martin Scorsese (“Ilha do medo”).
IncansĆ”vel, juntou-se Ć saga “Star Wars” em 2014, no papel de Lor San Tekka, prĆ³ximo Ć famĆlia Solo, no sĆ©timo episĆ³dio, “O Despertar da ForƧa”, antes de interpretar o Corvo de TrĆŖs Olhos na sĆ©rie de sucesso global “Game of Thrones”.
Estranhamente, nunca recebeu muitos prĆŖmios. Sydow foi indicado apenas duas vezes ao Oscar: por seu papel em “Pelle, o Conquistador” (1987), de Bille August, e por seu papel de coadjuvante no filme do inglĆŖs Stephen Daldry “TĆ£o forte e tĆ£o perto” (2011).
Como ele explicava a falta de reconhecimento? “Aos atores que tiveram algum sucesso sempre sĆ£o oferecidos o mesmo tipo de papĆ©is, e eu sofri com isso”, declarou ao jornal sueco Aftonbladet na Ć©poca do lanƧamento deste Ćŗltimo filme.
Em 1997, Max von Sydow, pai de dois filhos de um primeiro casamento com a atriz sueca Christina Olin, casou-se com a documentarista francesa Catherine Brelet.
“Quero morar na FranƧa. E quero morrer na FranƧa”, afirmou o ator quando o casal se estabeleceu na FranƧa, onde foi elevado ao posto de Comandante das Artes e Letras em 2005 e feito Cavaleiro da LegiĆ£o de Honra em 2011.
Para o ex-presidente do Festival de Cinema de Cannes Gilles Jacob, “ele era um dos maiores atores do mundo. Era capaz de interpretar papĆ©is espectrais ou perturbadores, mas Max era de uma delicadeza e humanidade comoventes”.