Morre aos 102 anos o grande mestre do chá japonês Sen Genshitsu

Sen Genshitsu, um grande mestre da cerimônia do chá mo Japão, que preparava xícaras de matcha para líderes mundiais e monarcas, morreu nesta quinta-feira (14) aos 102 anos, segundo informações da imprensa.

Com o lema “paz através de uma tigela de chá”, Sen, nascido em Kyoto e inicialmente destinado a se tornar um piloto kamikaze, utilizou os rituais da antiga tradição do chá “Urasenke” para disseminar suas mensagens antiguerra.

A sede da ONU em Nova York e o Memorial do USS Arizona em Pearl Harbor, Havaí – local de um devastador ataque japonês que levou os Estados Unidos à Segunda Guerra Mundial – estão entre os locais onde ele realizou cerimônias.

Sua morte foi noticiada pelos principais veículos de comunicação japoneses, incluindo a emissora nacional NHK e o jornal de grande circulação Yomiuri Shimbun.

A AFP não conseguiu obter uma resposta da escola Urasenke até o momento.

Nascido em 1923, Sen treinou quando jovem para se tornar um piloto kamikaze durante a Segunda Guerra Mundial, mas o conflito terminou antes que ele tivesse que realizar uma missão suicida.

Mais tarde, ele contou que costumava servir chá aos seus colegas soldados durante o treinamento militar.

Em uma entrevista de 2023 à NHK, Sen destacou os efeitos calmantes da cultura do chá. “Uma tigela de chá acalma o espírito. Quando todos estão em paz, não haverá guerra”, disse ele.

Ordenado monge zen, tornou-se o 15º grão-mestre da escola Urasenke em 1964, após a morte de seu pai, que anteriormente liderava a tradição.

Ele ofereceu chá a monarcas e presidentes, incluindo a rainha Elizabeth II do Reino Unido e o líder soviético Mikhail Gorbachev, e era amigo do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger e do ex-presidente chinês Hu Jintao.

Em 1997, recebeu a Ordem da Cultura no Japão e, em 2020, a Legião de Honra na França. Aposentou-se em 2002 como chefe da escola de chá, passando o cargo para seu filho, mas permaneceu ativo até sua morte.

Mesmo após completar 102 anos em abril, ele ocupou mais de 100 cargos culturais e de assessoria governamental e proferiu discursos.

Também trabalhou como embaixador de boa vontade para a Unesco.

Era conhecido como o “Grande Mestre Voador” por sua agenda de viagens agitada.

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