A estilista francesa Emmanuelle Khanh, uma das pioneiras do prêt-à-porter da década de 60 com uma moda juvenil e modelos originais de óculos, morreu de câncer nessa sexta-feira, em Paris, aos 79 anos.

“A família da estilista anuncia com tristeza sua morte na sexta-feira de manhã, cercada de sua família” em sua casa parisiense, diz o comunicado.

A estilista morreu enquanto dormir, vítima de um câncer contra o qual lutou durante várias semanas, segundo declarações de seu filho, Othello Khanh.

Modelo de Alta-costura nos anos 50, desfilou para maisons como Givenchy e lançou sua própria arca em 1962, Emma Christie, em colaboração com a estilista Christiane Bailly.

Conhecida tanto por suas criações como por seus óculos de grau quadrados e pretos, criou um estilo moderno para as jovens da época, com saias de cintura baixa e camisas de gola alta.

Em 1965, desfilou junto com outras três estilistas francesas e Paco Rabanne em Nova York. “Era a primeira vez que desfilavam em Nova York quatro estilistas que não pertenciam à Alta-costura”, diz o historiador de moda Didier Grumbach.

Em 1972 lançou sua marca homônima, com roupa de esqui, jaquetas e até guarda-chuvas.

“Foi a primeira estilista que se atreveu a utilizar seu nome para criar seus modelos”, diz Grumbach.

Rebeldia contra a Alta-costura

Emmanuelle Khanh “se atreveu a criar uma moda juvenil, para as jovens, quando os demais estilistas se dedicavam a criar modelos elegantes para damas”, diz Claude Brouet, que na época trabalhava como jornalista para a revista Elle.

Brouet conheceu Emmanuelle quando era modelo da Givenchy. “Me chamou a atenção uma de suas criações, que estava vestindo. Assim a convidei para a revista”, lembra esta especialista em moda que se transformou em amiga íntima da estilista.

“Seu trabalho foi muito importante nos anos 60 porque eram os primeiros passos do prêt-à-porter, o aparecimento de criadores originais que não se limitavam a reproduzir as ideias ‘de Alta-costura'”, disse Brouet em entrevista à AFP.

Emmanuelle trabalhou também como estilista independente até 1970 para lojas como Dorothée Bis, Laura, de Sam Rykiel, marido de Sonia Rykiel. Colaborou também com Cacharel, onde desempenhou um papel muito importante segundo Brouet, e Missoni.

Deixou a criação da Cacharel em 1997 após uma quebra muito “dolorosa”.

“Estava em rebeldia contra a Alta-costura, feita somente por uma minoria de mulheres”, disse Khanh em 2016, quando vendeu 150 peças de sua coleção particular.

“Eu não faço moda, e sim roupa feminina para que as mulheres se sintam belas. Quando nos sentimos belas, somos mais felizes”, dizia.

Ersa casada desde 1957 com o estilista Quasar Khanh, morto em junho de 2016, com quem teve dois filhos, Othello e Atlantique.

“Organizaremos uma bela cerimônia na próxima semana no cemitério Père Lachaise” de Paris, disse o filho da estilista.